domingo, 28 de fevereiro de 2010

Novidades

Obrigado pela tua presença, neste espaço e no meu coração.
Este blog não será mais actualizado. Um novo foi criado com uma perspectiva diferente. Clica na imagem e serás redireccionado.


quinta-feira, 26 de junho de 2008

Estado de Paz - 47




Obrigado por seres quem és. Como sabes tudo está em constante mudança. Muitas vezes fico a pensar qual a direcção dessa mudança, onde nos leva, como nos leva, e contemplo a beleza desse processo. Um dia destes fiquei a pensar se Jesus Cristo voltasse outra vez como seria para ele olhar para o mundo actual? O que diria ele destes 2000 anos? O que pensaria? O que faria? Em que família nasceria, em que país, em que sociedade? O mais estranho que me surge, logo à partida, é que nunca poderia ser filho daqueles que lhe dedicam a vida inteira: padres e freiras. Pelos votos que fizeram manifestaram a intenção de pertencer à família de Jesus/Deus para o resto da vida, por outro lado esses mesmos votos garantem que a negação disso mesmo, nunca mais poderão receber no seu seio familiar, como ascendentes, um Ser tão maravilhoso quanto Jesus Cristo. Que paradoxo! Diz a história que Maria ficou grávida antes do casamento ainda que por intervenção divina. Passados 2000 anos como vemos as gravidezes fora do casamento? Aceitamos? Ou associamos a um estigma, uma vergonha social ou mesmo religiosa? Que paradoxo! Como seriam os avós de Jesus? Já imaginaram a Maria a chegar a casa e a dizer ao pai: “Olha pai, estou grávida! Mas não foi o José. Foi o espírito santo!”. Qual seria a vossa reacção? Será que há 2000 anos atrás eram assim tão avançados socialmente que estas coisas passavam em claro? Avançando para o dia do baptismo. E se os pais de Jesus, nesta nova vinda, não o quisessem ou não achassem necessário baptizar (partindo do princípio que também saberiam quem ele era)? Não entrava na Reino de Deus? Mas se é lá a sua origem, como não entra? Que paradoxo! Avançando… temos, agora, um menino Jesus em idade de ir para a catequese. O que vai ele lá fazer? Falar da vida dele de há 2000 anos? E há 2000 anos atrás? De que ele falou ele? Do passado, do presente ou do futuro? Segundo a história, quantas vezes falou ele da sua própria vida? Dos seus feitos? Quantas vezes pediu para se falar de si e dos seus feitos? Quantos livros deixou escrito? Que catecismo sugeriu? Que catecismo utilizou? Avançando… como seria o dia da primeira comunhão? Iria receber pela primeira vez a comunhão, que representa o corpo e sangue de Cristo. Iria tomar-se a si mesmo? Que estranho, mesmo só de imaginar. Não faz muito sentido aceitar-se isto. Aqueles que se celebram a si mesmos são todos ou quase todos considerados tiranos, diabólicos, criminosos… são os tempos que correm. Bom, mas para comungar teria que primeiro confessar-se. Mas como poderia ele confessar os seus pecados se nos veio salvar do pecado? Ele representa a ausência de pecado logo nunca se poderia confessar, logo não poderia comungar, nem fazer a primeira comunhão. Estranho!
O objectivo destas palavras não é ridicularizar ninguém, nem tão pouco as mesmas devem ser vistas como uma paródia. Têm a importância que têm. Servem apenas para reflectir no que andamos a fazer todos os dias sem consciência disso mesmo. Se Cristo voltasse agora encontraria uma igreja/religião cuja estrutura doutrinal está montada de tal forma que deixou de haver lugar para receber aquele Ser na qual se baseia. Como pode não haver lugar na criação para o criador? Será por isto que ainda não assumimos a nossa origem divina? Existe uma exclusão funcional, no subconsciente, da nossa essência? Negamos a manifestação do mais belo que somos, da imagem e semelhança, do amor em acção? Paz é a capacidade de nos assumirmos sem julgar nada nem ninguém.

A continuar…

M.A.S.

sábado, 12 de abril de 2008

Estado de Paz - 46




Obrigado por seres quem és. É com alegria que devemos agradecer a presença de todos na nossa vida; sem essa presença toda esta experiência chamada vida seria árida e estéril. Ainda assim, noto ainda uma falta de consciência sobre a riqueza que é diversidade de opiniões, crenças, etc. Há falta do espírito do coleccionador. Qualquer coleccionador de qualquer coisa é uma pessoa dedicada a esse hobby, a essa ocupação de fazer crescer a sua colecção, organizá-la, expô-la. Quem colecciona sabe também que quanto mais raro um determinado objecto de colecção maior o seu valor, por exemplo uma moeda rara, um selo raro, um carro, uma quadro, uma escultura, um instrumento musical, seja o que for. E, é natural que perante esse objecto mais raro haja um cuidado especial, que lhe seja dedicada ainda mais atenção ou que seja manuseado de uma forma mais delicada. Normalmente é-lhe guardado um lugar de destaque em relação ao resto da colecção. Assim, os exemplares raros de uma colecção têm sempre mais valor, muitas vezes se diz perante algo verdadeiramente raro que não tem preço ou que tem valor incalculável. Este é o espírito de coleccionador que faz falta em matéria de relações pessoais nas nossas vidas. Todos coleccionamos experiências em que cada momento é único. Todos coleccionamos experiências cujos envolvidos são únicos. Tudo é único e derivado de um conjunto de circunstâncias adequado: quem, como, onde e quando. E cada conjunto destes é um “objecto” da colecção. E cada conjunto destes é ÚNICO. Como coleccionador que sou de experiências, guardo cada conjunto destes como único, raro, de valor inestimável, incalculável. Cada pessoa com que me deparo é exemplar único e devo, por isso, dedicar-lhe atenção especial. O objecto mais raro da nossa colecção é sempre o mais bem tratado, com todos os mimos, de maneira a apresentar-se sempre no seu melhor estado. Assim devíamos tratar também quem nos rodeia. Outro aspecto é que se temos um objecto raro não o vamos nunca querer modificar. Pretende-se sempre manter ou restaurar o estado original, sem perturbação da sua essência, do seu valor original, do seu potencial. Então por que não fazemos o mesmo com quem nos rodeia? Se são exemplares únicos por que queremos estar sempre a mudá-los? Por que queremos alterar-lhes o valor de acordo com a nossa opinião ou visão? Esta falta de harmonia chama-se “tunning” ou arte de “kitar” pessoas. Kitar é modificar, alterar, transformar, personalizar algo. É uma forma de recriação. E só se recria quando não se está satisfeito com o produto original, quando se pensa que é possível deixar algo mais ao nosso gosto, com um aspecto mais personalizado. Ao formato exterior deste tunning chamamos-lhe operações plásticas. Plásticas porque são artificiais, não reflectem a naturalidade dos ciclos da vida (refiro-me obviamente aos casos não clínicos). Por outro lado, como que a compensar, surgiu recentemente um outro sub-aspecto desta tendência da personalização. São os serviços, agora muito em voga, usando o prefixo “my” (meu), sobretudo em serviços online, na Internet. Dão um aspecto de exclusivo, dedicado e personalizado, tratando-nos como seres únicos aceitando os nossos diferentes gostos e/ou o nosso contributo individual como os blogs, fotos, toques telemóvel, vídeos, etc. Aqui já somos convidados a sair do estereotipado. Que coisas interessantes que a vida proporciona. Sempre que surge algo entra em cena também o seu oposto para permitir uma dupla experiência, ou quem sabe, obrigar a uma escolha permanente de caminhos a seguir. Paz é a confiança absoluta que se escolhe sempre o caminho adequado ao nosso estado de consciência.

A continuar…

M.A.S.

domingo, 16 de março de 2008

Estado de Paz - 45

Obrigado por seres quem és. Quando foi a última vez que passaste pelo espelho da tua consciência? Se não te conhecesse em essência diria que estás irreconhecível. Se não soubesse que isso faz parte do processo de mudança pelo qual estamos a passar não te acharia beleza nenhuma. É um pouco como ir ao cabeleireiro. Vamos com um aspecto menos cuidado, a necessitar de um arranjo. O procedimento do corte de cabelo deixa-nos num estado intermédio em que não estamos como entrámos mas também ainda não estamos “apresentáveis”. Assim é este momento. Já não estamos como entrámos nele mas também ainda não temos a “aparência” final. A que propósito vem esta conversa toda? Dizem que Deus escreve direito por linhas tortas. Dizem que aceitam a vontade de Deus. Mas afinal que caneta usa? Que papel? Que instrumentos de escrita e de materialização? Se precisamos de mudanças no sistema de saúde, todos contestam as mudanças. Se precisamos de mudanças no sistema da justiça, todos contestam as mudanças. Se precisamos de mudanças no sistema de ensino, todos contestam. Afinal Deus tem que escrever direitinho como nós Lhe dizemos senão… não aceitamos como sua a escrita que nos aparece diariamente. Mas há aqui algo que parece não bater certo. Existe uma coerência e uma incoerência. A coerência, incontestável, e unânime é de que as coisas têm que mudar porque não estamos a ser convenientemente servidos pelos serviços que deveriam existir e funcionar em nosso benefício. A incoerência é que não aceitamos a mudança que nos é apresentada. Então, onde está o ponto do equilíbrio? Como avaliar se estamos a dar um passo em frente, atrás ou ao lado? E aqui reside a dificuldade. Habituamo-nos a dar passos bidimensionais. Mas também há passos para cima. O passo para cima é quando deixamos de julgar os outros. Se o ministro ou ministra, presidente, patrão, marido ou mulher, fez algo que nos parece desequilibrado apenas temos que fazer uma pequena oração ou dirigir-lhe um pensamento (em jeito de afirmação): “Todas as tuas acções reflectem harmonia.” Bem sei que te riste do que acabei de dizer como se de um absurdo se tratasse. Mas já experimentaste fazê-lo? Já comprovaste se é eficaz? Como nos podemos rir do que provou o amor e nos dá a provar o mesmo? É por isso que estás irreconhecível. Provavelmente apenas despenteado(a). Logo que estejas perante o espelho verás onde ainda faltam aparar o cabelo. Cortarás o que está a mais e já não te faz falta para que possa crescer o novo com mais vigor e de acordo com os tempos que correm. E da mesma forma natural com que deixas para trás o cabelo cortado que caiu ao chão e que nenhuma falta te faz mas que tão bem te ficou até este momento, farás com tudo na tua vida. Há um(a) cabeleireiro(a) divino(a) (eu diria mesmo um salão completo) que te prepara para te apresentares ao mundo renovado(a). Ah, possivelmente já percebeste que também este “cabelo” cresce de dentro para fora. Quem sabe se não serás mais uma linha torta a desempenhar na perfeição o seu papel? Se tiveres dúvidas, dirige-te apenas uma pequena oração ou pensamento (vindos do coração): “Todas as minhas acções reflectem harmonia.” As tuas células agradecem e vibrarão nesta alegria. Não precisas de me vir contar o que aconteceu na tua vida depois de experimentares. O amor não precisa de provas nem de provar nada, basta-se a si próprio. E é este o serviço que procuras que os outros façam por ti e para ti mas que ainda não aprendeste a fazer pelos outros e para os outros. Paz é o silêncio da reflexão (no sentido de ponderação e no sentido da imagem que encontrámos ao espelho).

A continuar…

M.A.S.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Estado de Paz - 44

Obrigado por seres quem és. Como sabes dirijo-me sempre à parte mais sublime de ti. Aquela que não se ofende. Aquela que está mais além da religião, da política, dos costumes, dos hábitos enraizados, das práticas centenárias ou milenares. Dirijo-me a uma parte de ti que teimas em esconder mas que anseias para que se liberte. E para que haja libertação tem que se revelar a verdade. Somente perante a consciência da verdade nos libertamos. Há muito que foi dada a “receita”. Mas, no fundo de nós mesmos, tememos que a verdade magoe. Tememos sermos confrontados com os nossos fantasmas, com os nossos passados, com o nosso subconsciente. Se tememos é porque temos medo de algo ou vergonha. Ou então tememos transportar algo que nos faço sentir culpados de algo do qual não nos consigamos libertar. E assim passamos a praticas religiosas de assunção de culpas para nos afundarmos ainda mais e dificultar a libertação e manifestação da grandiosidade da vida em cada um de nós. Eu sei que é mais fácil rezar pela paz no mundo que assumir e praticá-la, mesmo depois isto mesmo ser dito e redito por aqueles a quem rezam. É muito mais fácil e conveniente colocar as máscaras à saída de casa e voltar a tirá-las quando se chega ao fim do dia. Ser-se autêntico caiu em desuso. O mundo é dos que se safam e só se safa quem for competitivo. Nem imaginam a quantidade de pessoas que interiorizou esta “verdade” que nos venderam. Mas os mesmos que professam esta verdade depois queixam-se que se perdeu o respeito, a ética, a visão do conjunto em vez do cada-um-por-si. Mas como sair disto? Todas as semanas se contradizem. Todas as semanas há futebol, há política. Em que estádio uma equipa respeita a outra independentemente do resultado? Em que se respeita os árbitros independentemente das decisões? Se respeita o público independentemente de por quem torce? E na política? Que partido respeita as decisões do governo livremente votado para decidir? Votamos num partido para avançar e noutro para travar? Então como andamos para a frente? Por que quer transformar tudo em vitórias ou derrotas políticas? Onde está a visão do conjunto? Isto é cada indivíduo por si, cada equipa por si e cada partido por si próprios. E depois passa-se o resto da semana a comentar no café ou no trabalho estas situações. Assim a desarmonia toma conta da nossa vida, do nosso tempo. Por que achas que és tão insignificante que precisas de um jogador de futebol como ídolo? Por que achas que tua vida é tão insignificante para que precises de uma equipa de futebol para lhe dar sentido? Ou um partido político? Ou uma religião? Quanto estás disposto a mudar a tua vida para descobrires a sua magnificência, a tua magnificência? Temos que ser aquilo que queremos. É um sinal que fazemos ao cosmos e assim se materializar na nossa vida. Se queremos respeito temos que ser esse respeito. Começar em casa com aqueles que vemos todos os dias e com quem mais lidamos. Passar ao trabalho, ao nosso chefe, aos nossos empregados. Queremos paciência então somos pacientes. Aprendemos a respeitar uma fila no trânsito, uma diabrura de uma criança, etc. Queremos abundância então somos abundantes. Partilhamos quem somos e o que temos com os outros, mentalizando que seja de uma forma harmoniosa para todos. Desta forma, com entrega e sem nada exigir; fugimos ao controlo que metemos sobre as nossas vidas e que nos impede a realização pessoal. Fomos ensinados a controlar tudo e que se assim não for podem acontecer-nos coisas. Medo = matriz de controlo. Quando queremos controlar uma criança o que fazemos?
Paz é a capacidade de sermos já, aquilo em que gostávamos de nos tornar.

A continuar…

M.A.S.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Estado de Paz - 43

Obrigado por seres quem és. Hoje quero partilhar contigo uma forma praticamente gratuita de ser feliz 90% dos dias e 90% de cada dia. Não se trata de algo que esteja em saldo, nem tão pouco desconta para cartões, nem nos temos de preocupar de estar a pagar o preço mínimo e raramente é necessária publicidade na caixa do correio. É uma energia limpa, ecológica e inesgotável. É praticamente gratuita, e digo praticamente porque nos precisamos de deslocar de um lado para o outro para funcionar em pleno. Dizem-me, por vezes, que não entendem como praticar algumas das coisas de que falo ou que é só teoria. Mas se não praticarmos como vamos descobrir se é verdade ou não? Estas coisas exigem acção e determinação em vez de resignação e comodismo. Vamos lá ao exercício diário digno de uma sociedade de consumo. Pela manhã e ao espelho desejamo-nos, gratuitamente, um bom dia cheio de realizações construtivas e harmoniosas. Cumprimentamos os nossos familiares com um “Bom dia! Já te disse hoje que te amo?” e estendemos-lhes um abraço complementado com um beijo ou dois, se nos sentirmos generosos. Sem grandes preocupações mas cuidando minimamente do nosso aspecto exterior que reflecte de algum modo o nosso aspecto interior, saímos à rua. Não esquecer de levar aquele sorriso que tem ficado guardado no guarda-jóias dentro do cofre todo este tempo. Partilhe-o, mostre-o, dê-o, afinal sai-lhe de graça, e há até quem retribua! Quem diria haver retribuição de algo que demos de graça?!? Continuando… Nesta fase e já surpreendidos e inebriados por uma inesperada alegria que nos acompanha, chegamos ao nosso trabalho. Não desesperes, nem só nas férias temos que nos sentir alegres. Com um bocado de sorte o nosso trabalho entrou neste exercício, e lá nos trazem um problema ou outro para resolver, muitas vezes sem pagarmos para o ter, logo um problema gratuito. Desejamos um bom dia a quem nos trouxe o problema e um bom dia ao próprio problema. E assim acabámos de baralhar isto tudo. A pessoa que nos trouxe o problema não está habituado a este tratamento nem o próprio problema o está. Se deixámos de receber o problema como um problema passa a ser outra coisa… é uma situação. Passou a ser algo mais leve. O problema habituou-se a ver-nos sisudos. Se respondemos com leveza e serenidade, o problema devolve a sua outra face… a solução. Com a nossa mudança de postura o problema acompanha-a. Estamos agora noutra onda, noutro estado de consciência. Por muito difícil que seja a situação temos uma porta aberta para percepcionar a solução, ou uma solução. No final, devemos agradecer à situação e a quem a provocou e/ou trouxe a mesma ao nosso conhecimento a oportunidade riquíssima de nos transformamos em parte da solução. Se a experiência foi desgastante e para que não falte alento, convida-te a ti próprio para almoçares fora e comemorar o facto de estares vivo para a viveres. A refeição não será gratuita (provavelmente) mas a alegria que nos traz não tem preço, nem o respeito que agora manifestamos por nós próprios e pelo nosso corpo. Aproveita e trata com distinção profunda alegria quem te confeccionou a refeição e quem a serviu. A gorjeta não é uma esmola. Faz parte do processo de nos soltarmos, irmos além das obrigações, dentro do espírito da abundância. E esse “excedente”, por mais insignificante que pareça face ao total da conta a pagar, é muitas vezes a maior alegria de quem nos serviu. Fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem. Nada nos trará maior paz e serenidade.

A continuar…

M.A.S.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Estado de Paz - 42




Obrigado por seres quem és. Depois de percorreres os textos que contigo tenho partilhado, já descobriste em ti o que amar? A simplicidade não atrai ninguém, pois não? Não chama as atenções sobre si, passa despercebida. E ninguém quer isso, pois não? Todos querem ser o centro das atenções, de si próprios, dos familiares, dos vizinhos, dos colegas, dos patrões, há que dar nas vistas, destacar-se. É preciso ter carácter, personalidade forte, para poder evidenciar-se, para se ser alguém. E ter espírito rebelde para se ser respeitado e admirado. Para ajudar a compor o ramalhete procure-se roupas exclusivas, carros exclusivos, casas exclusivas, peças únicas, tudo ferramentas de afirmação, de demonstração do status quo. É sempre bom mostrar-se o que se conseguiu atingir, materializar o grau de sucesso. A única coisa que me desagrada nisto tudo e é apenas uma, é a unidade. Mede-se em TER, em unidades monetárias, ou unidades de posse. Não deixa de ser irónico observar que, até nestes casos de sucesso e em todas as etapas do percurso as pessoas exclamem para si mesmas: “Quem eu era e quem sou hoje!” ou “Não era ninguém e vejam onde cheguei!”. Que infelicidade confundir TER com SER. Que infelicidade a necessidade de se provar aos outros e fazer prova da sua supremacia ou inferioridade dos demais, seja em casa, no trabalho, no desporto, na política. Depois de tanto estudar e de tantas vezes o negar, acabo por dar razão a Darwin. Não que concorde que viemos todos dos macacos, nem tão pouco na sobrevivência dos mais fortes, mas sim na selecção natural dos mais aptos. E na medida que concordo com ele também discordo. Pois existe um pressuposto errado, fruto do estado de consciência na altura. A selecção é natural mas não baseada em competição, nem em subjugação, nem em superioridades ou exclusões, a unidade estava errada. Não se trata de mais fortes a prevalecer sobre mais fracos. Dou um exemplo. Uma semente de laranjeira. A semente é já a laranjeira em potencial. Tem que ser semeada e tratada e crescerá. Ao transformar-se em árvore, a semente não perde a identidade, apenas se transforma, muda de forma. Não tem que se evidenciar, nem lutar por um bocado de sol. Estende apenas os seus ramos e capta o que necessita para si, havendo em abundância para todas as outras árvores. Não precisa de tirar a riqueza dos outros para mostrar que tem mais. Pelo contrário, gera as suas riquezas que liberta nos seus ramos, numa oferta de amor puro. Por isso dão sumo as laranjas e por isso sabe tão bem. O sumo sabe a amor incondicional. E quantas mais riquezas libertar mais espaço terá no ano seguinte para gerar novos frutos. Porque o amor frutifica e gera novas sementes. A selecção natural não se baseia em “um acima do outro”, ou “um sobre o outro”, mas sim em “um com o outro”. O sucesso “mede-se” em unidades de amor, de felicidade, de alegria, de paz. Quem vive neste estado de graça, vive em unidade. Por isso, nada mais há a medir. Não se tem amor, é-se amor. É-se a unidade. Tudo o resto é efémero mas faz parte amorosa do contexto que nos leva ao encontro de nós mesmos. TER, não é vergonha alguma, nem deve ser factor de culpa. Segurar o que se tem, no entanto, pode ser a causa do que aprisiona a manifestação da felicidade na nossa vida. Paz é soltar, é soltar-se, libertar, libertar-se. É TER sem se ser dono de. Tudo, assim, incluindo a própria vida que se pensa que se tem, é uma imensa partilha. Somos um sorriso divino em forma de gente

A continuar…

M.A.S.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Estado de Paz - 41




Obrigado por seres quem és. Hoje vou falar sobre ti. Sobre aquilo em que acreditas. E também sobre aquilo em que não acreditas. Toda a vida, e quase toda a nossa existência enquanto seres divinos (esquecidos da sua origem) nos disseram em que acreditar e nos moldaram as nossas crenças com distracções. As distracções, sejam quais forem, figuras, estátuas, símbolos, vestes, palavras, etc, servem apenas um propósito que é desviarem a nossa atenção do interior para o exterior. E mesmo aquelas que nos orientavam para o interior eram manipuladas para nos poderem controlar até onde podíamos ir. Já darei exemplos. Assim, ao longo dos tempos, vamos perdendo a nossa inocência de criança, a nossa fantasia da vida, a nossa magia de viver, a nossa alegria genuína, e passamos a ser robots, seres adormecidos no embalo do que nos disseram ser errado acreditar (embora sendo verdadeiro para nós). E está tão bem montado este sistema que ambos os lados o alimentam, por um lado temos a questão espiritual “orientada” pelas religiões e por outro a questão material “orientada” pela ciência. Em todas as alturas, ou uma ou outra, nos dizem em que acreditar como verdade fazendo desacreditar a outra, tendo dificuldade em co-existir. E nós, em que ficamos? A qual daremos razão? E se a nossa razão for diferente das duas? O que é a verdade? Quem fala verdade? Quantas verdades existem? Qual devemos viver? Qual devemos ignorar? E se nenhuma me servir? Se nenhuma responder ao que me diz o coração? Se nenhuma me preencher e sem pedir nada de volta, me fizer sentir bem, feliz, livre? Tenho que viver limitado na minha aspiração? Tenho que me conformar com algo que só me deixa viver a 10%? Por quanto tempo serei capaz de viver amarrado, sabendo da nossa pureza mas que nos dizem sermos pecadores, sabendo da nossa origem divina mas que dizem virmos dos macacos? Não admira que nos perdamos a meio do caminho. Mas não significa que não nos encontremos um pouco mais à frente. Dou um exemplo que, embora pareça despropositado se torna interessante: o Pai Natal. Há quem diga, e mais cedo ou mais tarde o dizemos às criancinhas, que o Pai Natal não existe. Mas se eu perguntar a cada um de vocês como é o Pai Natal, me vão responder: “Barrigudo, com barbas brancas, vestido de vermelho, tem renas e faz Oh!oh!oh!”. Então, se não existe, como o podem descrever? Agora dirão que não existe de verdade, só no imaginário de cada um. Certo? Então e Deus? E a vida eterna? E a salvação? E a remoção do pecado? E um lugar no céu? Por que nos continuam a fazer crer que qualquer lugar é melhor que este onde estamos? Quer seja religião quer seja ciência? Resumindo e acreditar no que acabei de dizer e partindo do princípio que existe um Ser, uma consciência criadora e que mantém o universo a funcionar, este Ser ou é muito burro ou sendo perfeito, cometeu um erro perfeito. Fez-nos mais perfeitos do que ele. Porquê? Porque o lugar que nos deu para viver afinal não corresponde às nossas exigências, e que o céu ou outro lugar qualquer é bem melhor do que este, e quanto mais depressa sairmos daqui para melhor vamos (“ir desta para melhor!”). Algo não bate certo aqui. Há uma inconsistência, uma incoerência. Algo está distorcido. E a resposta esteve e está sempre tão perto. Mas não interessa perseguirmos o problema ou perder tempo a arranjar culpados. Interessa a solução. Mas quase sempre nos distraíram para não a vermos ou ouvirmos. Aquela vozinha no interior que nos orienta. Feliz Ano Novo! Feliz Vida Nova! Paz é encontrarmo-nos dentro de nós e irradiarmos esta feliz redescoberta, uma imensa alegria de viver.

A continuar…

M.A.S.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Estado de Paz - 40




Obrigado por seres quem és. A tua essência divina não me deixa dúvidas. A profundidade da tua beleza revela-se na medida que tu deixares, onde não interferires brilharás. Por interferência entendo tentativa de melhorar ou piorar algo. Hoje trago-te uma proposta de trabalho. Esta mesma proposta de trabalho que já passou de proposta a “contrato”, tem vindo a ser passada há já algum tempo por várias pessoas e a qual também quero reforçar com este texto. Reconheço-te como um ser extremamente poderoso em muitos níveis. Para conseguires estar triste tens que furar todas as camadas de amor e de alegria que carregas no teu ADN, nas tuas células, e são muitas. Quando finalmente as consegues convencer as tuas glândulas reagem produzindo químicos que alteram o teu metabolismo e interiorizam a tristeza. Para conseguires estar doente tens que furar todos os sistemas naturais de defesa do corpo. E só então, quando consegues contaminar a central do sistema imunitário ela deixa de ter forças para reagir e manifesta-se a doença. Como vês és capaz das maiores proezas. Dentro do que queres e do que não queres mas que acontece na mesma. Assim a negação tem um grande poder de manifestação. E quanto mais negarmos mais ela ganha força porque está cada vez mais presente na nossa realidade mental. Por exemplo, se nos esforçamos muito para não sermos pobres e tudo fazemos para não sermos pobres, a pobreza está sempre presente na nossa cabeça, e isso torna-a real para nós. Se trabalharmos para a abundância, para sentirmos a abundância, e para que ela seja parte activa da nossa vida, o que está sempre presente na nossa cabeça? A abundância. Há quem lhe chame pensamento positivo, mas é muito mais do que isso. Então, aquilo que te proponho é uma reflexão sobre todas as instituições, organismos, sociedades, grupos, organizações, ligas, ditados ou slogans, que por falta de consciência ou informação, vão perpetuando o estado das coisas cujos opostos lhes dão origem. Por exemplo: liga portuguesa contra o cancro, liga portuguesa contra a epilepsia, liga portuguesa contra a sida, combate à pobreza, luta contra a droga, luta contra a sida, combate à exclusão social… Que fique claro que não pretendo criticar nem julgar quem com todo o amor se dedica aos outros, com serviço, entrega e dedicação. Um bem-haja a todas estas pessoas, muitas das quais são voluntárias. Mas que também fique claro que estes “títulos”, estas designações, estes slogans, vão dar continuidade aos problemas porque nos obrigam a um tipo de tristeza que nos baixa a energia para encontrarmos uma solução mais abrangente. Dizia um amigo: “quem brame a espada, permanece na espada”. Não é possível viver-se em paz enquanto se defende da guerra, ou há guerra ou há paz. Ninguém pode atingir o sucesso numa vida isenta de dependência da droga se constantemente lutar contra ela, porque isso faz dela a sua razão de viver. Não porque a toma, mas porque não se liberta dela. Então tudo se trata de liberdade. De nos libertarmos. E liberdade só existe com a verdade. A Verdade. Tantas vezes foi dito e redito, esquecido e resquecido. Pois bem, estamos na era da liberdade, Liberdade, chegou a vez e veio para ficar a Verdade que nos vai surgindo das mais diversas formas e nos leva a ver as coisas de uma forma totalmente nova como nunca tínhamos conseguido ou permitido antes. Chegou a hora de erguermos de novo as velas que nos levarão a um mundo novo, uma nova consciência. Paz é aceitarmos que assim é, como todo o amor e gratidão pela beleza da vida e de todos os seus intervenientes.

A continuar…

M.A.S.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Estado de Paz - 39




Obrigado por seres quem és. És um ser verdadeiramente belo, à semelhança da restante diversidade na Natureza que é inexplicavelmente bela e sem sabermos porquê nos atrai. Assim és tu. Hoje gostava de te falar do desespero. É para mim um tema interessante visto ser um comportamento tão comum, com as mais variadas origens, não conhecendo fronteiras e transcendendo culturas. O desespero é um sinal. É um sinal que de já está consumada ou em vias de consumar a desistência. A desistência de si próprio. Tem, no entanto, uma propriedade interessante, serve ambos os lados, do equilíbrio e do desequilíbrio, da harmonia e da desarmonia. Muitas vezes aquele que na procura de si, desistiu de si próprio, finalmente se encontra. Mas aquele que tudo procura esquecer inclusive a si próprio, dificilmente se encontra. O desespero é desistir de esperar, “des-espero”, nego o esperar. A vida vai sendo feita de ciclos para quem vive em ciclos. Para quem espera algo bom depois de algo mau isso eventualmente acontecerá. Para quem espera algo mau depois de algo bom isso eventualmente acontecerá. Contudo, na natureza há entrega total, nada se espera de nada e por isso tudo ocorre naturalmente, dentro da perfeição. Depois da noite virá o dia, num ciclo natural, e tudo tende para o equilíbrio. O desespero é o mexer no fiel da balança. Não se confia no equilíbrio natural para se forçar um equilíbrio artificial mas não existe tal coisa. O equilíbrio artificial é sempre efémero bem como toda e qualquer tentativa do ser humano para restabelecer o equilíbrio do quer que seja.
Muitas vezes se mistura o desespero com a ansiedade, com a incerteza, e tudo serve para enraizar ainda mais um estado de medo permanente. Quem desespera esqueceu-se de como confiar. Perdeu o controlo sobre tudo mas em vez de usar isso como uma ferramenta, deixa-se afundar. Um surfista jamais controla uma onda. No entanto, ele entrega-se totalmente à onda e com a técnica adequada e algum treino sabe como usá-la para, sem esforço algum, ir ao ritmo da onda, apenas pelo prazer do momento. Mas se estiver em estado de desespero, logo perde o equilíbrio e cai ou simplesmente está tão preso a uma necessidade da onda perfeita, do momento perfeito que acaba por não tirar partido de cada segundo do está a viver.
O desespero é um sinal. É um sinal que estamos prontos a abdicar da nossa teimosia, da nossa intransigência, dos nossos conflitos, que estamos no limite das nossas forças para nos mantermos num estado que julgamos o normal. E no entanto o desespero é a perfeição em acção. Foi a ferramenta que a mãe natureza encontrou para, no nosso caso, tender para o equilíbrio. Talvez tenha sido confuso ou pareça contraditório mas vejamos. Se a minha teimosia leva o fiel da balança mais a um lado, para se reaver o estado de equilíbrio terá que haver compensação. Mas na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. E o que deve ser transformado é o estado que alterou o equilíbrio, ou seja a minha teimosia. Caso a nossa intransigência nos impeça de ver esta situação ou de a aceitar, bater-nos-á à porta, mais dia menos dia, o equilíbrio disfarçado de desespero. Só assim baixaremos as defesas, nos entregaremos e nos predisporemos a aceitar a perfeição que nós somos e tudo é. É uma limpeza profunda. Paz é o bypass, um caminho alternativo, ao estado de sofrimento e de desespero durante este processo de reequilíbrio. A paz faz-se amando.

A continuar…

sábado, 3 de novembro de 2007

Estado de Paz - 38




Obrigado por seres quem és. A voz que me fala falar-te-á. A paz que me chega chegar-te-á. Pois é esse o propósito do Amor. Ser vivido, experimentado, sentido, partilhado. Mas o Amor não é um propósito em si. Não é algo a que se aspire. É sim o princípio de todas as coisas. O princípio, meio e fim, ao ponto de nada ser. Porque para ser algo mais, na dualidade, também teria que haver o não-ser. E o não-ser não existe se não no mundo da ilusão. A ilusão é como uma ponte. As pontes servem para unir as margens distantes. Imaginemos um círculo onde lhe falta um pedaço pequeno de forma a ficar um pequeno buraco e não dar para fechar o círculo. Imaginemos que o diâmetro do círculo é de 1000km. Imaginemos que é trazida e deixada uma pessoa vendada em cada ponta não unida do círculo. São desvendadas, dão-se conta uma da outra e da distância que as separa. Daí a nada interrogar-se-ão porque vivem separadas e se não valerá a pena juntarem-se. Para isso procurarão por todos os meios e usando os recursos disponíveis unir as margens para vencer a distância e o afastamento. Esta tarefa é tão mais complicada se ambas as partes não estiverem de acordo em ir para a frente com esta solução, e se não se aplicarem da mesma forma. Mais ainda se os recursos forem escassos. Mas, como tantas vezes acontece, ao se encarar de frente um problema vira-se as costas à solução. A ilusão é como uma ponte. Concentramo-nos nos “buracos” da vida, nas separações, e que para tudo temos que lutar para atingir a glória. E que se o caminho não for difícil e com sacrifício não é o certo. Obrigado amigo Robiyn. Voltando ao nosso círculo, bastava-nos virar 180º e seguir em frente. Ao seguir-mos pelo lado “unido” do círculo facilmente chegaríamos à outra margem pelo outro lado. É tudo uma questão de perspectiva. Afinal a separação era uma ilusão. Apenas estávamos convencidos, seja porque razão for, que a separação era real. Fé é capacidade de nos movermos por caminhos menos lógicos na mente mas absolutamente correctos no coração. Não estou a falar da fé religiosa embora haja algo em comum. A fé a que me refiro não é sacrificial mas pura, indolor, inocente, embaladora. E por estarmos convencidos que alguém deixou o mundo incompleto e que era nossa missão uni-lo com pontes não nos demos a oportunidade de olharmos de outra perspectiva. Afinal tudo esteve sempre unido, a separação era uma ilusão, e a ponte uma necessidade para resolver um problema virtual. Tudo na mente é virtual. Tudo na mente é ilusão. A ilusão perfeita diga-se, mas mesmo assim ilusão. É uma ilusão tão perfeitamente tecida que chega a parecer real, tal como no cinema se não tivéssemos consciência que é ficção e projectada por tecnologia poderíamos pensar que uma determinada acção se estava mesmo a passar numa parede duma sala escura. Mas sabemos que no final do filme, alguém acenderá as luzes e nos conduzirá à saída daquele momento de ficção/ilusão felizes por termos experimentado todos aqueles sentimentos e sensações, medos e alegrias, pensamentos, expectativas etc. A diferença que deveria haver é que na vida não deveríamos ser meros espectadores. Isso criaria uma sub-ilusão. Nós somos o filme. Somos a origem e finalidade do filme. Criamos situações quotidianamente que servimos aos demais como sendo a sua realidade. Paz é a capacidade de o fazermos com amor, por amor. Não é uma obrigação. É um serviço prestado com amor. Paz é capacidade de ver/sentir o que nos une de uma forma rejubilante. Com gratidão pela existência de cada uma das partes. Comemorando a sua existência.

A continuar…

M.A.S.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Estado de Paz - 37




Obrigado por seres quem és. Algo vai mal contigo. Ou então comigo. Mas não te oiço a falar de amor. Não te vejo a manifestar felicidade. Não te vejo a celebrar a amizade. Não te oiço a agradecer. Não te oiço a felicitar os outros. Só vejo preocupações. Só vejo apreensões. Só vejo medo. Só vejo insegurança. Só oiço queixas e mais queixas. Dizem que os portugueses são pessimistas por natureza. Mas não existe pessimismo na natureza. A natureza é um quadro dinâmico da perfeição e harmonia da mudança e coexistência. Então de onde vem o pessimismo? O pessimismo é a uma reacção de auto-protecção face a uma expectativa da negação da idealização que temos de algo. Simples, não é? Vamos lá a um exemplo. Eu idealizo ser feliz. Mas como isso é tão bom e preenche-me tanto que não suportaria alguém poder tirar-me tal sentimento, o melhor é proteger-me estreitando a janela da vulnerabilidade. Então, como pode (expectativa) vir alguém ou surgir alguma situação que me faça infeliz (negação) reajo sendo pessimista (reacção), “a vida está má!”, “não sei bem como vai ser o futuro!”, “isto está mau.”. O mais estranho ainda é que mesmo que a vida me corra bem, mesmo bem, não posso dizê-lo, não vá melindrar ou ofender alguém! Porque a vida tem ciclos, uns que nos permitem andar mais folgados outros mais apertados. Mas o discurso e a aparência mantém-se nas duas fases. Imagina se a natureza fosse assim! Quando chegasse a Primavera para não mostrar a sua face mais florida, mais romântica, mais alegre, a natureza se mantivesse com a aparência de Inverno, sem flores, sem frutos, sem verde, cinzenta... Mas a natureza, mesmo em mudança constante, é livre. Pelo menos era o que eu pensava. Mas com as mudanças climáticas é como se passasse a ter mudanças de humor, como se tivesse sido infectada pela nossa arrogância existencial. Estou a brincar. Não existem mudanças de humor. Existem apenas mensagens. Mentes turbulentas geram naturezas turbulentas. Mentes serenas geram naturezas serenas. Em caso de dúvida, sugiro sempre que se experimente. Tens dúvidas que podes ser feliz? Experimenta. Tens dúvidas sobre uma qualquer capacidade tua? Experimenta. Mas leva duas amigas. A paciência e a persistência. São inseparáveis. Iluminam e nutrem. Se as coisas parecem correr para o torto e pensas “Estou a ver a coisa a ficar preta…”, então usa a paciência e a persistência com sabedoria, depois da noite nasce sempre o sol. Se as coisas não te deixaram completamente satisfeito usa a paciência e a persistência com sabedoria, sabendo que se o almoço foi leve ao lanche dá-se mais uma achega. Como vês iluminam e nutrem. Para terminar, quero dizer-te que se olhares a vida de frente tudo muda em relação ao pessimismo. De frente não significa em sinal de confronto como se estivesses perante um adversário numa luta, de frente significa que há muito para contemplar e muito onde podes ser útil, mas para isso tens que estar atento olhando à tua volta. Passámos demasiado tempo a olhar para baixo, para o pé-de-si-mesmo (“pe-si-mismo”), chegou a hora de levantar a cabeça. Só assim verás mais longe, mais além. Verás finalmente quantas mãos sempre estiveram e estão estendidas para ti, e verás quem necessita que estendas as tuas. Paz é a capacidade de se ver a si mesmo de uma maneira diferente, mais cheia e preenchedora. Somente depois de se ter algo se pode partilhar. Ninguém pode dar aquilo que lhe falta. E não precisas tirar nada de ninguém basta reconheceres a abundância que é a Vida.

A continuar…

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Estado de Paz - 36




Obrigado por seres quem és. Agradecer é muitas vezes a forma de fazer sentir a alguém a sua importância para nós e para o mundo, e de quanto é útil naquilo que faz. Ajuda a devolver algum respeito próprio, amor próprio, sem necessidade de presunção ou auto-defesas. Se algo é feito por amor, por serviço e dedicação ao próximo, com simplicidade e competência, e se for agradecido na mesma medida, gera-se uma empatia entre as pessoas e uma auto-confiança tranquilizantes.
Quando as coisas são feitas apenas em nome do dever, seja funcional ou operacional, seja deontológico, a resposta surge na mesma medida. É o “paga-se e pronto”, não há lugar à gratidão. Gera-se, desta forma, um ciclo de distanciamento, apatia social, frieza relacional. É como se eu agora, em idade adulta, pagasse aos meus pais pelo serviço prestado até me ter tornado autónomo financeiramente, e assim nada mais ter a ver com eles em termos emocionais ou de relação. O que fizeram está feito e pago, logo não lhes devo mais nada. É absurdo. Tão absurdo como as restantes formas de ingratidão a que assisto diariamente, e nalgumas das quais participo, por vezes inadvertidamente outras por força das circunstâncias. O ter acontecido no passado ou acontecer no presente não invalida que haja um trabalho de reflexão para aceitar e integrar uma nova forma de estar na vida. E a partir daí agirmos de modo diferente e activo do que fazíamos até então. Porém, ainda existe muito imobilismo, muita acomodação e passividade nas nossas acções. Tantas vezes que vemos que algo não está bem e que até sabemos ou podemos fazer melhor e não fazemos. Pode ser por medo, por vergonha que alguém note, por falta de coragem, por falta de vontade, mas seja o que for que nos falte, poderá também faltar nos outros em relação a nós. Mas isso já nos incomoda. Era muito mais interessante se todos tivéssemos uma abordagem vegetal da vida. É preciso semear e nutrir para colher. Ah e é preciso terreno fértil, não é? Sim, mas isso não é problema! O coração é o terreno mais fértil que há, e consta que cada um tem um, por isso não falta em ninguém. Semear implica mexer-se, agir, não é ficar sentado à espera que o mundo ou alguém mude, nem é rezar para que venha alguém mais habilitado para fazer a minha parte. Posso ser tosco, deficiente, lento, incapaz, inútil, pequeno, insignificante, medroso ou envergonhado, mas mesmo assim não há ninguém mais habilitado do que eu para fazer a minha parte. Relembro que este processo é individual e simultaneamente, repito, simultaneamente colectivo. Ou seja, eu faço a minha parte mas não quer dizer que a faça sozinho desligado de tudo o resto. Nenhum puzzle se completa com a colocação em posição de apenas uma peça, nem se completa se faltar alguma. De nada adianta a pressa de estarmos prontos em posição ignorando as restantes peças. Uma forma de participarmos na montagem do puzzle e de ajudarmos as outras peças a reconhecerem a sua posição/papel é agradecer-lhes fazerem parte do mesmo “cenário” do que nós. A sua existência é o que nos permite colocarmo-nos na nossa posição e simultaneamente nos permite ser úteis ajudando-as a colocarem-se na sua. Há uma ligação constante. Fazer-se passar por insignificante na vida é negar a sua razão de existir. Todas as partes são tão grandiosas como o todo do qual fazem parte. É o princípio da holografia elevado ao amor divino. No Amor não há partes insignificantes. Paz é assumir-mos, mesmo de forma modesta, na nossa quietude, a grandiosidade que é a Vida. A nossa e a dos outros… e que afinal é a mesma.

A continuar…

M.A.S.

domingo, 2 de setembro de 2007

Estado de Paz - 35




Obrigado por seres quem és. Escrevo hoje este texto a pensar em ti. Que te sirva de inspiração e desperte ou aprofunde o amor em acção que és. Propus-me a sentir, entender e a partilhar por que existem crianças, qual a sua razão de existir para que assim possas entender a tua.
Em tempos idos do muito antigamente e por motivos vários houve um desvio na nossa relação/aceitação da origem divina. Houve uma diminuição ou afastamento do estado de consciência de grande parte dos seres da altura em relação a si próprios e nas suas relações com os outros. Perdeu-se o respeito pela liberdade do próximo para haver controlo e se destacarem um ou mais indivíduos como os guias dos demais com os direitos divinos reservados para si obrigando os outros aos seus deveres para com a divindade. A situação foi-se arrastando até ao quase completo esquecimento, pelo menos consciente, da igualdade entre indivíduos em relação à sua origem e à sua presença/existência amorosa. Este desvio teve efeitos colaterais ou subprodutos tais como o sofrimento, miséria, mágoa, ressentimentos, raiva etc. Interiorizada a culpa viraram-se, então, para o céu em busca das respostas, de redenção. Transformaram esta visão de si próprios novamente unificados em Fé, e o compasso de espera entre a situação actual e a futura em Esperança. Contudo, gerou-se um contra-senso. A Fé é a unificação, a convergência, a integração, a aceitação de si nos outros e vice-versa A Esperança é aceitar a distância, a dualidade, a existência de duas entidades diferentes: nós e o divino, um emissor e um receptor. Atento a tudo isto, o céu não deixou de dar a resposta adequada. A esperança é do domínio da probabilidade; esperar por; que eventualmente aconteça; pode acontecer ou não; uma expectativa de realização. Mas isto, embora previsto na matemática cósmica, é como somar zero mais zero. É uma adição possível, de dois números concretos, mas que resulta em coisa nenhuma. Por isso a esperança não é um estado de serviço. A Fé é a concretização da visão de si próprios, a realização harmoniosa desse estado de união, de fusão. Na matemática cósmica isso acontece através de uma transformação normalmente chamada de Criação. Criar algo. E foi essa mesma mensagem que foi enviada para a Terra. Não foi uma mensagem escrita. Nem uma declaração de intenção. Foi uma concretização, uma materialização. Em vez de esperares, cria. Não esperes que venha algo, alguém, fazer o trabalho por ti. Confia em ti e na tua perseverança, na tua visão de harmonia e vive feliz. A felicidade pode ser um “vírus” contagioso que se propaga de coração em coração. Desta forma transformou-se, embebido da paz cósmica, embrulhado em amor, o acto de esperar em acto de criar. Não esperes, cria. Respondeu-se à Esperança com a Cria(nça). Não é de estranhar que alguma literatura dita especializada, ou mesmo sagrada, não fale disto, usando antes a expressão Criação. Usam jogos de palavras, artifícios de tradução e linguísticos para desviarem a atenção do essencial. Mas cada um traduz a realidade à sua maneira e usa a sua liberdade para despertar estado de amor e estado de paz em quem o rodeia. Afinal, quantas vezes falou Cristo da criação? E quantas falou de crianças? A criança é um símbolo. É a tua versão pura, inocente, integra, unificada. Uma expressão de amor. Paz é este reencontro. Bem-vindo(a) a ti próprio(a).

A continuar…

M.A.S.

sábado, 18 de agosto de 2007

Estado de Paz - 34




Obrigado por seres quem és. Amo-te assim mesmo. Da forma como És. Talvez não tenhas ainda reparado mas és muito, muito mais do que pensas. Talvez não acredites nisso. Talvez não acredites nisso porque não acreditas em ti. Mas eu acredito. Sei o que está para além dos enganos, para além das ilusões, para além das mentiras. E ainda assim o que sei e sinto é pouco face ao que realmente És.
Eu represento uma memória. Lembro-me de ti e venho lembrar-te de ti. De uma parte esquecida, adormecida mas latente. Venho lembrar-te da tua ligação divina. Não tem nada a ver com religião, embora as religiões possam fazer parte do processo. Não tem nada a ver com mais nada acessório, com intermediários, com porta-vozes, com representantes mas sim com a ligação directa. Existe uma ligação directa. É tão extraordinária só a ideia de isso ser possível que até assusta. Dá medo pensar nisso. Parece errado. Mas nada tem de errado e nada há a temer, a não ser que se tema amar e ser-se amado. É de amor que falo e nada mais. Deus ou seja qual for a designação que se tenha para esse estado de consciência divina nada exige. É Amor em acção. No entanto, por nada exigir e a partir de determinada altura das nossas vidas parece que não se importa mais connosco, ao ponto de se perguntar “por que me abandonaste?”. Mas quem se afastou de quem? Quem abandonou quem? Quem deixou de se importar? Quem transporta os sentimentos de culpa? Trago boas notícias que partilho contigo. Que te tragam tanta alegria como a que me trouxeram a mim quando comigo as partilharam. Chegou a hora da libertação. Da culpa. Dessa memória pesada que nos tem prendido energeticamente a um estado de alegria e felicidade condicionadas, abafadas, diminuídas da sua real grandiosidade. Venho lembrar-te de que és Amor. Nada mais interessa, nenhuma memória, nenhuma experiência que te distraia desta origem amorosa. E porque nada te foi exigido foste esquecendo deste amor, sobretudo o amor por ti, e da tua relação contigo, e de como funciona esse amor e essa relação. Deixaste de ver a unidade, para veres o individual. O amor próprio passou, assim, a vaidade ou narcisismo. Mais tarde apercebeste-te que algo de errado aconteceu e da ligação perdida. O sentimento de culpa é tão pesado que tirou a capacidade de perceber a solução, de se fazer luz sobre o assunto e abateu-se um período de “trevas” (ausência de luz). Ficaste perdido sentindo-te culpado. Criaste uma ideia de salvação, de redenção da culpa que te atormenta, Deixaste de acreditar em ti mas conhecias a ligação e não desiste dela. Desde então que a tens procurado, a re-ligação. A falta de fé em ti fez-te procurar no exterior algo que te preenchesse nesse aspecto. Mas pareceu sempre faltar algo. Por isso estou aqui, para te lembrar. A peça que falta és TU. Sempre pensaste que só amando os outros e fazendo tudo pelos outros encontravas paz interior. Mas faltava sempre algo. “Ama os outros como a ti próprio”. Uma frase tão curta que junta o passado, o presente e o futuro. “Ama os outros como a ti próprio”. É o Amor que traz qualidade existencial. Onde o individual acaba por se dissolver na Unidade. Onde a terceira pessoa se dissolve na primeira. Onde as partículas de “Eu faço…”, “Eu amo…”, etc, se fundem em “EU SOU”. E nunca mais fará sentido dizer/fazer: “Faz o que eu digo e não o que eu faço”. Chama-se integridade. Ser-se integral. Na Unidade nada mais há a perdoar, não há culpas. Seria uma auto-ofensa e auto-perdão. Pareceria uma brincadeira de crianças. Assim é o Amor.

A continuar…

M.A.S.

domingo, 5 de agosto de 2007

Estado de Paz - 33




Obrigado por seres quem és. Ainda te lembras de quem és, não lembras? Dos teus sonhos, aspirações, dos projectos que tinhas para a vida, do que querias fazer, do que querias ser. Se os realizaste então nunca te esqueceste de ti. Se desististe deles então desististe de ti. Estou aqui para reactivar essa memória, pelo menos durante a leitura deste texto. À medida que os olhos passam pelas palavras são invocadas as memórias desse tempo. Não significa isto que as mudanças de rumo são negativas, nem tão pouco que nos devamos manter fiéis aos primeiros pensamentos que temos sobre algo. Quero apenas lembrar que existe em ti uma criança sonhadora e que ela só faz parte do passado se assim entenderes. Quantas vezes não nos limitámos no sonho porque não nos queríamos desiludir? Por medo que algo corresse mal e ele não se concretizasse? Assim, mais valia irmos ao dia-a-dia, sem expectativas não há mágoas. Não passa de uma ilusão como é óbvio. O sonho é a mente a dizer-nos que somos livres. Que nos devemos soltar dos impedimentos, sobretudo do medo, e pelo menos tentar com convicção, de coração e com total entrega à realização desse sonho. E quanto mais elevado e abrangente maior felicidade trará. Não me refiro aos sonhos de bens tangíveis, de bens materiais, esses não são um fim em si mas deverão aparecer, se for caso disso, como um meio ou bónus da nossa entrega. Refiro-me às mais altas aspirações do nosso ser. Ser livre, ser feliz, ser alegre, fazer alguém feliz, levar alegria, partilhar experiências, crescer enquanto cidadão do mundo, expandir o conceito de família ao próximo. Mas o passado e a memória poderá parecer um entrave. Pois por experiências anteriores ou por algo que vimos ou ouvimos, quanto mais nos damos mais receio temos de nos dar. Ficamos vulneráveis e podem abusar da nossa boa vontade e estragar o sonho, deixando-nos magoados, desiludidos, depressivos. Desta forma chegamos a um impasse. Por um lado não conseguimos viver sem sonhar, por outro temos medo de realizar o sonho. Por outras palavras, para não vivermos presos abrimos a porta para sair, mas nesse instante alguém pode entrar. E agora? Abrimos a porta ou não? O que protege a porta? Do que deve proteger? Por que deve proteger? A porta é um símbolo de protecção, de segurança. Por que és inseguro(a)? O que te falta? É perante os nossos medos que nos revelamos verdadeiramente. Com paciência e persistência, devemos olhar-nos e reconhecer esses medos e perdoá-los. As suas origens, os seus intervenientes, as memórias que deixaram. O perdão é como a digestão. Nem tudo no alimento é para ser absorvido e mantido. Há que reter e absorver os nutrientes e libertar para outra fase o restante. Ninguém gosta de ser incomodado com cólicas, “nós no estômago” ou prisão de ventre. É sinal que algo deixou de fluir, algo está a ser retido e a interromper o fluxo. Se durar muito tempo pode causar graves distúrbios de saúde. As situações de tensão, o stress, e as memórias mal tratadas podem causar tudo isto. Mas não há nada, nada mesmo, que o amor não seja capaz de transmutar, de resolver, de transformar. A doença só se desenvolve/existe na ausência de amor. Recuperado o estado inicial de amor por ti e pelos outros, tudo volta ao sítio. Não esquecer que este é um processo individual e colectivo, e nem sempre o que parece ser é. Paz é a capacidade de se ser sempre o que se é, sempre foi e sempre será. Como se de um regresso ao destino se tratasse.

A continuar…

M.A.S.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Estado de Paz - 32




Obrigado por seres quem és. Para além dos desgostos, das tristezas, das incertezas e de todos os problemas estás tu, fonte de todas as soluções. É um bónus a que tens direito sempre que tens um problema. É como no supermercado, “compre um detergente e leve bónus um esfregão”. Aqui será: “por cada embalagem de problemas leve bónus a solução”; só tens que a procurar dentro da embalagem.
Não pretendo vir aqui dar palpites sobre como resolver problemas concretos, apenas ajudar a encarar as situações por um prisma diferente; depois de aplicado o prisma cada um escolherá a cor (forma de ver) que mais lhe convier na altura.
Em química, uma solução é o resultado de uma mistura do solvente e do soluto, podendo ser sólidos, líquidos ou gases, de forma a obter um sistema homogéneo. Uma das características da solução é ser impossível separar o solvente do soluto por processos físicos. Mas o que tem a solução química a ver com a solução do meu problema? Tudo. É que só é possível ter uma solução quando há integração. Não é possível solucionar nada com exclusão, porque o “problema” faz parte integrante da solução, tal como na química com o solvente e o soluto. E, se no princípio ainda se distinguem (solvente e soluto), quando encontramos a solução passamos a ter apenas um estado harmonioso (homogéneo) entre o que lhe deu origem (“problema”) e o resultado (solução).
Encontrar soluções é um processo criativo, não há receitas específicas. Existem ferramentas, contextos, estados de consciência, que permitem chegar lá mais depressa ou mais devagar. Mas as soluções também não se medem em tempo, apenas em eficácia. Ou resolve ou não resolve, não há soluções mais ou menos. Ainda assim, e muitas vezes, se ouve falar em solução de compromisso. Mas quando elas surgem estamos perante um problema, ou um problema de compromisso? Se for um problema de compromisso a solução é de compromisso, se não nem sequer é solução ou nem sequer é problema. Estou apenas a brincar com as palavras para dar espaço ao imaginário de criar um visão diferente das coisas. As soluções de compromisso existem. Mas não existem. Se existissem, então é como declarar que nos comprometemos a não conseguir resolver um problema. Mas como nos vejo como criadores de soluções elas não podem existir. Isto na essência. Mas no espaço-tempo a que chamamos realidade, na dualidade, há um espaço que lhe fica reservado (à solução de compromisso). Esse espaço é o nosso estado de consciência. Tudo o influencia. Desde a genética à televisão. Se alguém nos convence de que algo não tem solução então não terá. Esse é o nosso compromisso com a solução. Ela fica latente, em potencial, em espera, em stand-by, mas activa. Quando sintonizarmos com ela (a solução) significa que demos um salto consciencial e, ao olharmos para o problema que lhe deu origem, nada veremos porque ele se encontra completamente dissolvido e integrado no todo, agora não como problema isolado mas como um sistema homogéneo, harmonioso. Um exemplo para ajudar a perceber: a luz, corrente eléctrica. Antes de haver electricidade nas casas era um problema (limitação) a iluminação, aquecimento, conservação de alimentos, etc. A partir do momento em que alguém descobriu como fazê-lo, agora é só chegar a casa e carregar no interruptor sem ter que pensar em mais nada. Este grande “problema” encontra-se completamente dissolvido e integrado na nossa realidade.
Paz é resolver integrando. Paz é resolver-se integrando-se.

A continuar…

M.A.S.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Estado de Paz - 31




Obrigado por seres quem és. Não me consigo lembrar de nada que pudesses ser melhor do que a ti próprio(a). Isto é a minha prova inequívoca da perfeição da vida, da sua criação. Não que precise de provas mas é uma manifestação (a diversidade da vida) que me deixa maravilhado. Talvez seja por isso que ainda me seja difícil perceber por que razão anda tanta gente a tentar ser o que não é. Há aqueles que querem ser bons estudantes mas que não o são. Há aqueles que querem ser bons profissionais mas não o são. Há aqueles que querem ser bons seres humanos mas não o são. Há aqueles que querem ser bons mas não o são.
Qual a dificuldade? Onde reside o problema? É que deste ponto em diante é sempre a cair. Degenera-se em frustrações, em invejas, desmotivações, sensação de ser estar perdido, sem rumo, desorientado. Como resolver?
Como bons amigos já me disseram onde está o problema estará a solução, apenas tem que ser olhado de outra forma. Devemos abrir a nossa mente e o nosso coração para que surja a outra forma do problema: a solução.
Então o que temos não são maus estudantes, são pessoas com dificuldade a adaptarem-se aos métodos e conteúdos. Há pessoas preparadas para aprender a ler num ano, outras há que precisavam de dois. Mas os métodos e os programas não têm isso em consideração e ainda assim ser considerado um bom aluno. Chamar-lhe-iam repetente, a menos que passe de ano sem preparação e sem aproveitamento em relação aos conteúdos. Cada ser (aluno) tem que responder dentro de uma pré-formatação, a chamada “chapa 5”, senão não pertence ao clube dos “chapeados” e é relegado para outro nível de acesso às etapas seguintes. Isto é discriminação, e camuflada. Muito há a fazer ainda.
Em relação ao bom profissional. Todos o somos. O que há muito é pessoas a exercer profissões para as quais não têm vocação. E isto de vocação, não é só o jeito, é sobretudo a sensação de pertença e assim de entrega. O trabalhar sem se sentir cansado. O trabalhar sem esperar a compensação de todos os milésimos de segundo, nem a cega corrida contra o tempo à espera do dia da reforma e do merecido descanso. Então e o merecido trabalho? Ou sempre se entendeu o trabalho como obrigatório no sentido de se sentir contrariado para o executar? Não admira o cansaço, a frustração, a insatisfação, que cresce e se estende aos outros aspectos da vida, às relações, com os outros e connosco próprios, as ansiedades, depressões, etc.
Quanto ao querer ser-se bom ser humano, a dificuldade é muita. Maior ainda quando se tenta. No entanto, é quando se desiste de o ser que se começa a sê-lo. Pois ninguém precisa de tentar ser o que já é. Basta assumir.
Quanto ao querer ser-se bom, isso já é outra conversa. Dizia um querido amigo: “Ser bom é fácil, difícil é ser justo”.
De uma forma resumida tento mostrar que seja o que for que pretendamos resolver, ou ser, está envolvida uma decisão e uma acção. Afinal, nós somos o que pensamos, o que dizemos e o que fazemos. E que muitas vezes, a ausência de acção ou de decisão deixa-nos num estado de conflito interior. Ninguém está treinado para ser indeciso nem inactivo. O que fazer então? Qual é o problema? Será que o problema, muitas vezes, não estará em pensar que se tem um problema? Não será muito mais leve e fácil de resolver algo que se veja como experiência e não como problema?
Paz é a capacidade de transformar. Transformar problemas em soluções transformando-se a si.

A continuar…

M.A.S.

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Estado de Paz - 30




Obrigado por seres quem és. A tua existência é um hino à perfeição e magnificência da vida. Tudo bate certo no mundo com a paz que trazes no coração.
Hoje falarei da Madeleine e de todas as Madeleine que conheço e sou. Por que se agitam tanto as pessoas quando situações como esta, e outras, envolvem crianças? Por que se identifica tanta gente com este caso, e outros, sempre que envolvem crianças? Por que se aceita toda a desgraça no mundo, mas sempre que se vê uma criança em sofrimento bate sempre tão fundo? Será que se deve a transportarmos essas imagens para as nossas crianças? Ou será por nos transportarmos até essas imagens? Por outras palavras, é o medo de que possa envolver quem está ao nosso lado (ente querido) ou é algo que nos envolve a nós, os nossos medos, e/ou experiências, e/ou memórias? A reposta correcta será sempre aquela da qual fugimos com maior pressa.
A Madeleine é muito mais do que um desaparecimento. Ela é uma projecção de por que é que ainda há razões pelas quais desaparecem crianças, a uma escala colectiva. E representa muito mais, para mim, do que um mero desaparecimento físico. Representa a inocência, a ternura, a candura, a infância, a doçura, a amorosidade, com as quais nos identificamos, e que, por razões igualmente misteriosas, parecem também ter desaparecido de quem nós somos. Como se nos tivessem arrancado alguém cá de dentro, sem darmos por isso, e tenham levado esse bocado arrancado para parte incerta, ficando um vazio. E por estar tão presente e activo esse vazio é fácil de perceber o vazio dos outros. Partilhamos o mesmo sofrimento da ausência dessa parte de nós, e por isso manifestamos a solidariedade que vimos na televisão. Porque sentimos que mais ninguém deveria passar por esta situação. Então porque ainda passam? Por que precisamos de ser lembrados que existe uma criança em nós que foi, outrora, levada contra sua vontade? E onde termina o ciclo? Como poderei evitar que esta dor se perpetue por mais gerações? Será que, e não tendo consciência disso, não estarei também eu a “roubar” a criança interior, a infância, a inocência, a pureza, a quem me rodeia, através dos meus pensamentos, das minhas palavras e acções?
Quanto a ti que vais seguindo este texto não sei, mas eu amo as crianças… de todas as idades. Sigo nos olhos, qual espelho da alma, as indicações que me levam ao seu encontro (da criança em cada um), e fixo-a com o meu coração. E por muito execrável que possa parecer quem está diante de mim, reconheço a sua essência pura quando a olho com o coração que não julga. Porque não há criança alguma (que todos somos) que não seja gerada por amor e com amor.
É muito difícil aceitar que tanto é criança (refiro-me não à idade, mas à essência) a Madeleine como quem a levou. Não conseguimos ainda abstrairmo-nos e não julgar. Nem olhar com amor e compreensão quem tem uma atitude tão repugnante, e que o nosso imaginário torna ainda mais relevante com pensamentos do tipo: “foi levada por isto ou por aquilo, para isto ou para aquilo…”.
Proponho um pensamento de amor para quem a levou para que possa reencontrar-se (a criança em si) e tomar consciência dos seus actos. Sigo o exemplo, na prática, de quem um dia nos disse para não julgarmos e amarmos os nossos inimigos.
Paz é agir na fé e com fé. Mesmo quando não compreendemos, nem concordamos, mas se confiarmos que assim é, assim será.

A continuar…

M.A.S.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Estado de Paz - 29

Obrigado por seres quem és. Hoje venho propor-te uma visão e prática alternativa de vida, de transformação do mundo a partir da tua própria transformação. A prática resume-se a trocar todos os “ses” que irei utilizar por afirmações.
E se nascêssemos todos para a criatividade? Uns para a criatividade teórica outros para a prática, mas todos igualmente aceites e respeitados. E se pela manhã, tarde e noite, tivéssemos desenhos animados que nos mostrassem o que é amar, respeitar, aceitar, a higiene, educação, a cooperação, a diversidade e integração das partes, as espécies, e que há um lugar para tudo em harmonia, em vez de violência de todas as formas, escrita, verbal, de postura, de gestos, de acções, a pressuposta e a evidente? E se enquanto eu vejo os desenhos animados sobre viver em família, comunidade ou humanidade, me alimentasse com alimentos nutritivos e equilibrados, pois se não o fizessem eu saberia pelo exemplo do que estava a ver nos desenhos animados, e o que me poderia acontecer caso continuasse com os hábitos que tenho? E se todos os desenhos animados me mostrassem uma realidade para além da luta entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, para além da sobrevivência do mais forte, para além da competição? E se eu pudesse crescer ao meu ritmo, aprender a viver e a perceber a importância das coisas, a ler e a escrever sem termo marcado? E se a minha escola em vez de um local fechado à criatividade fosse aberto sem prazos, sem pressão e stress, sem me impor onde tenho que estar daqui a 12 anos, senão não há lugar para mim num comboio que não pára? E que, se assim, não for, não me safo, e tudo o que encontrar será sempre de segunda? E se a minha escola conseguisse dar-me todas as condições para eu aprender sem necessidade de testes? Quais as funções básicas da vida, e da natureza, que tiveram que passar por testes para serem dadas como aptas? O amor? A respiração? O brilho do sol? As ondas do mar? E se em vez de insistirem para eu ser muito inteligente confiassem em mim e me ajudassem a utilizar essa inteligência ao serviço dos demais? E se depois de um dia fechado na escola, em vez de trabalhos de casa de abrir o livro fizesse trabalhos de abrir o coração? E se em vez de me obrigar a aprender por insistência me ajudassem a aprender por motivação? Cantando, preparando teatros, ginástica, actividades criativas onde posso mostrar quem sou sendo eu próprio? E porque não aproveitar esses momentos levando-os fora, partilhando-os, e tomar essa experiência como uma aprendizagem bónus? E se em vez de ligarem tanto aos erros que dou de gramática, nas cópias e nos ditados me orientassem os erros que dou de pensamentos desequilibrados? E se nos intervalos me ensinassem o jogo dos abraços em vez do jogo do perde-e-ganha? E se toda a gente na escola, em vez de aluno, me vissem como colega? Da mesma forma que eu aprendo através de exemplos, não serei também exemplo para os outros? E se em vez de definirem uns após os outros qual o meu espaço e o que me é permitido fazer e como fazer, onde fazer, quando fazer, me aceitassem como bom aluno que aprendeu através dos seus exemplos e que assim aplicará? … Ou será que é isso mesmo que temem?

A continuar…

M.A.S.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Estado de Paz - 28




Obrigado por seres quem és. Hoje falarei de políticos, de diplomas, de enganos, de desenganos, e da relação entre isto e de como és responsável por tudo isto, sem consciência de tal.
Muito se tem falado do curso e do diploma, ou origem do mesmo, do Primeiro-Ministro de Portugal. Não se critica facto de ser ou não o curso que torna uma pessoa mais ou menos capaz de governar, critica-se sim que alguém que se faz passar por quem não é, recorrendo a uma prova falsa não deve estar nessa posição.
Isto é muito interessante. Vejamos, quantos de nós nascemos habilitados para viver? Quantos de nós estamos habilitados para amar? Quantos de nós estamos habilitados para julgar a habilitação dos outros? Quantos de nós estamos habilitados para governarmos a nossa própria vida? Quantos de nós nos manifestamos como realmente somos? Quantos de nós fazemos o que realmente gostamos sem enganar ninguém nem sequer a nós próprios? Quantos de nós chegámos onde queríamos fazendo uso em todo o tempo da verdade? Quantos de nós vamos a uma consulta ao hospital e temos um tratamento diferente porque conhecemos alguém? Quantos de nós entramos num bar porque conhecemos o porteiro? Quantos de nós pagamos livremente os nossos impostos, sem tentativas de fugas ou vontade de fugir? Quantos de nós cumprimos os limites de velocidade? Quantos de nós fazemos uso de favores ou conhecimentos para apressar algo ou ocultar algo? Quantos de nós já pagámos (por fora) para obter favores ou para que alguém fechasse os olhos a algo? Quantos de nós já recebemos (em géneros ou favores) para fazer algo por alguém?
Independentemente das respostas serem afirmativas ou negativos, o que interessa é observar o simbolismo do que está acontecer, e se lhe damos importância é porque nos revemos na situação. O cerne da questão é: no meu dia-a-dia sou verdadeiro comigo mesmo e com os outros? Sou verdadeiro ou faço-me passar por outra pessoa, ou adapto-me, para conseguir melhores resultados profissionais, pessoais, familiares, sociais? O Primeiro-Ministro é apenas a parte visível e pública de mim mesmo que tento esconder. Ele simboliza um país que tem vivido de enganos, falsidades, e representa a projecção de todos nós colectivamente. Assim, em vez de criticarmos, devíamos agradecer. Devíamos estar gratos, não pelo facto em si (sobre quem tem ou não razão), mas pela oportunidade de pensar nisto, olharmos para nós próprios e nos reconciliarmos com quem somos. Para quê continuar a enganar os outros? Para quê continuar a enganar-me a mim próprio? Será que a verdade sobre quem sou e o que tenho feito poderá vir ao de cima também, um dia destes? Não se trata de nos portarmos bem e do castigo se não o fizermos. Trata-se de um espelho que foi disponibilizado e que devemos aproveitar para nos olharmos e ver melhor quem somos e consequentemente o que pensamos, dizemos e fazemos.
A Verdade transcende o conceito de tempo. Mas também o Perdão. Nunca é tarde para perdoar e nos perdoarmos termos vivido enganados e enganando tanto tempo. A Verdade transcende o conceito de prova. Nunca ninguém provará que algo é Verdade, apenas que se tem ou não razão. A Verdade é a manifestação do equilíbrio e a necessidade de provar algo só existe dentro do universo da dualidade. Não proves nada, sê tu próprio.
Paz é ser o exemplo sem necessidade de prová-lo.

A continuar…

M.A.S.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Estado de Paz - 27




Obrigado por quem és. O Universo rejubila cada vez que uma parte de si se manifesta em pleno, pois essa parte activa muitas outras, numa sinfonia de acontecimentos e realizações de dimensões inimagináveis. Para isso cada uma das suas partes, e sobretudo na vida humana, deve sair do seu sono letárgico e ir mais além de si próprio pelo bem comum.
Um dos temas que muitas pessoas acham fascinante e que move muito a curiosidade de tantos é a vida para além da morte. Será que a morte é o fim? Haverá fim? O que se passo do outro lado, o que é o outro lado? E um sem número de questões físicas e metafísicas emergem. Não, não vou falar da vida para além da morte, mas sim da morte aquém da vida. Considero esse tema ainda mais interessante e útil de desenvolver pelas implicações cósmicas que tem. Algumas religiões falam disto mesmo, uma nova vida, nascer de novo, ressuscitar, a Fénix renascida, um Homem novo, alegorias de uma mesma ideia. Em linguagem simples a morte aquém da vida não é mais do que uma luz fechada sobre si própria que, por estar tanto tempo neste estado, se passou a identificar como sendo a escuridão. E agora, esquecida pelo tempo que passou de quem é, “vive” uma ilusão porque não se manifesta em pleno como a forma de vida que realmente é. Deixou de se conhecer e de libertar o seu potencial. Deixou de manifestar a forma de vida que realmente é. E à não manifestação de vida chamamos morte. Daí a morte aquém da vida. São todos aqueles que pensam que é por estarem vivos que vivem. Só poderá estar vivo aquele que sabe quem é. Imaginem alguém que vive em Portugal desde que se lembra, se identifica com Portugal, vive como português, é adepto de um clube português, canta o hino nacional e descobre aos 50 anos que nasceu noutro país. É português ou não? Como deve agir doravante? Ignorar o que sabe e continuar a viver o que descobriu ser ilusão? Partilhar com os outros a sua descoberta, assumi-la e viver de acordo com a nova realidade? Consideram-se perdidos os últimos 50 anos por terem sido dedicados a edificar um país que não o seu? Deve emigrar, ou melhor, retornar e começar uma vida nova?
Todos temos nas nossas a vida a oportunidade de renascer, de despertar, embora muitos apenas o façam perante uma grande catástrofe ou cataclismo, ou mudança brusca como uma doença grave que serve como pretexto para mudar algo que sentia que devia ser diferente desde há muito tempo. Todos temos a desculpa prefeita (não é erro gramatical, entenda-se como pré-feita). E para além de prefeita e também perfeita. É prefeita porque as razões de cada um para a imobilidade são diferentes e as desculpas têm que ser adaptadas e adaptáveis a cada situação, e completamente ajustáveis para perpetuar a não mudança. E são perfeitas cada vez que o conseguem.
Então e como consegue ter a luz noção de si própria e saber quem é? Muito simples, fazendo aparecer os outros. Se tudo o que te move na vida são razões do que podes obter em troca de, ou como juntar mais de, ou como ter, ou como se manter distraído para não ter que pensar nem passar por nada disto, então não está na tua hora ainda. Como cada um fará a sua transição, mudança, mutação, transmutação, ou se transcende a si próprio, não faço ideia. Mas, no momento em que se aprecie e se esteja grato pelas experiências que estão a surgir e nas quais se participa, aí sim, a luz brilha de novo porque reconhece o brilho dos demais.
Paz não é estar aquém ou além da morte ou da vida mas transcender ambas.

A continuar…

M.A.S.

sábado, 17 de março de 2007

Estado de Paz - 26

Obrigado pela tua presença. Pois que outra coisa faria mais sentido na nossa vida do que a presença de cada um?
Ou será que fazes parte dos que ainda procuram saber o que faz ou não sentido na sua vida?
Ou farás parte dos que ainda pensam que afinal nada faz sentido na sua vida?
Mas haverá de facto algum sentido na vida? Deverá a vida ser tão moldável ao ponto de fazer sentido para ti? Ou conseguirás viver mesmo sem um sentido mensurável? Já agora, quem determina o que é o sentido da vida? E quantos sentidos haverão na vida? E, partindo do princípio que possa haver um ou mais sentidos, dentro desse sentido ou de cada um, qual o ideal para ti? E haverá um sentido, ou sub-sentido ideal para ti, ou para cada um? Ou simplesmente o melhor é alguém determinar e definir o que é a vida e o sentido da vida e impor a sua definição aos demais, transformando-os em seguidores?
Mas, afinal, que sentido seguem aqueles que não encontram sentido na vida? Na falta de encontrar sentido, fará sentido procurar orientação? E o que isso de orientação? Orientação é seguir alguém, ser seguido, ou seguir-se?
Será que haverá algum sentido nisto? A que se resumo milénios de lutas para se chegar à liberdade individual e colectiva de povos inteiros, da busca incessante da libertação? Do que é que ainda não nos libertámos? De que ligações ou dependências nos falta ainda desprender?
Depois da almejada “desprisão”, o que farei no novo estado de liberdade? Para que me serve a liberdade? O que faço com a liberdade? Servirá a liberdade para se escolher quem se segue, como se segue, quando se segue? Ou será a liberdade a ausência da necessidade de seguir?
Servirá a liberdade para decidirmos quem decide a nossa vida por nós? Quem define as regras? Por que ainda precisamos de regras? Por causa dos outros ou por causa de nós mesmos? Por que é que lutou para por um estado de democracia em que existe a liberdade de votar em alguém que escolhemos como o criador das leis das quais depois nos queixamos que existem e por fim procuramos por todas as formas fugir, ludibriar ou ignorar? Para que queremos regras que achamos serem necessárias se depois não as acatamos? Será a liberdade a opção de escolher a não aceitação das regras que queremos que existam para a vida não ser um caos? Será tudo um faz-de-conta? Sempre fará sentido quem não encontra sentido nisto tudo, e que até possam ser eles os que mais fazem sentido?
Engraçada a palavra sentido. Sentido é algo que faz parte das nossas sensações. Estar sentido é estar magoado. E, fazer sentido, é algo que é lógico. Então, será lógico ainda estarmos sentidos com algo que faz parte das nossas sensações? O que nos estará a falhar neste processo, se é que algo está a falhar? Poderá ser a democracia um versão “demo” (demonstração) da “cratia” (poder governativo)? Isto é, uma versão em que NÃO estão presentes ou activas todas as funcionalidades, capacidades e potencialidades de uma aplicação, programa, nação?
Paz é a capacidade de brincar com as palavras, e tratar com amor a confusão/desorientação actuais. Paz é a capacidade de nos “desestruturarmos” para que a Luz que somos não encontre mais obstáculos e irradie livremente.

A continuar…

M.A.S.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Estado de Paz - 25

Obrigado pela tua companhia. Afinal não fomos feitos para estarmos sós, e assim é desde o tempo de Adão. Desde os primórdios, do tempo em que ainda não se contava o tempo nem havia história, na génese da criação de tudo o que é, que os elementos que conhecemos aparecem em conjuntos. Não surgiu apenas uma estrela, nem um só planeta, nem um só sistema solar, nem um só universo. Não surgiu apenas um homem, ou um macaco, ou um dinossauro. A diversidade dentro da existência não é feita apenas de uma unidade de cada espécie, de cada elemento, de cada ser, no entanto, cada unidade transporta em si o conceito do individual e do todo. Algures em si reside a consciência da sua natureza e da natureza de tudo, e a ligação de todos estes elementos, que por agora permanece como um mistério. Mas, à medida que mais e mais consciências vão despertando, vão sendo criadas as condições para novas descobertas e novas revelações, novos inventos, novas ideias, novas soluções. Aqueles que permanentemente procuram as respostas fora de si, e as soluções fora de si, e a responsabilidade da sua insatisfação fora de si, vão ter mais dificuldade em sair desta esfera de fuga. Felizmente, os que vão descobrindo que a solução dos medos mais profundos de cada um reside dentro de si próprios são cada vez mais. Quando se faz uma grande descoberta qual é o símbolo que se associa? Uma lâmpada, uma luz, “e fez-se luz”. Não é por acaso. Não existe maior descoberta que descobrir-se a si próprio, atingir a iluminação, ser um iluminado. E não há luz no Cosmos que tenha a função de brilhar apenas para si mesma. Na medida que mais luz vai surgindo menos lugares escuros existem para se esconderem os “papões” e os “monstros” que cada um cria derivado dos seus medos. A um passo de cada vez, mas em passos largos, nos damos conta que a realidade pode ser o que queremos que ela seja, e depende do que fazemos para que ela se concretize. Tudo isto apenas faz sentido se for feito em conjunto. Um conjunto muito maior do que possamos imaginar e que se estende muito para além da nossa capacidade de entendimento. A física quântica já caminha para a constatação deste fenómeno de unidade, de interligação, interdependência entre a unidade e o todo, só ainda não se descobriu mais coisas porque a sua existência é logo negada no início. Por exemplo, procura-se vida noutros planetas, mas para ser vida tem que ser do mesmo tipo que há na Terra. Então o que estão a procurar é vida semelhante à que há na Terra, nas condições da Terra e no conceito restrito de vida do ponto de vista científico. Mas a vida está muito para além do que a ciência determina, e as formas de vida são múltiplas e inimagináveis. Mas para nos darmos conta disto não precisamos de ser cientistas vanguardistas, pelo contrário. Precisamos de retornar ao nosso estado inocente e simples, humildes, de coração aberto e mente limpa. Se deixarmos uma lâmpada apanhar muito pó, a sua capacidade de iluminar diminui e não nos permite ver muitos pormenores, nem ver muito longe. Não precisamos de uma lâmpada nova, apenas de limpar este pó. E os pormenores que sempre lá estiveram se revelarão e o horizonte que não passava de um palmo será os confins do cosmos.
Paz é muito mais do que gostar de mudar. Paz é a própria mudança. É a renovação de si próprio quando equilibrada. É a sintonia com as leis do universo. Paz é a descoberta que afinal não estamos sós, nem precisamos de uma nova vida para começar de novo. Limpa-se o pó e devolve-se cada um a si próprio.
Paz é a capacidade de se metamorfosear no Ser que sempre sonhou ser.

A continuar…

M.A.S.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Estado de Paz - 24

Obrigado pela tua vida. Há coisas que por muito explicadas que estejam e sejam, ainda assim permanecem um mistério. Assim é a vida. Ainda não se sabe muito bem onde começa e onde acaba mas o processo permanece perfeito, pois a falta de conhecimento não é impedimento para que surjam novas vidas e que outras nos deixem. É pena que muito assuntos realmente profundos e basilares na nossa existência se resumam a discussões de SIM ou NÃO. A discussão é saudável mas não deve ser um fim em si mas um meio. Não vi serem discutidos os objectivos, meios, apoios, programas, formações, ideias, de como se pretende baixar nos próximos 20 anos a necessidade de se recorrer ao aborto. Em todo processo faltou serenidade e convergência. Convergência não no que em cada um acredita, mas no essencial, isto é, querem sejam a favor do sim ou do não, não se revêem no aborto recorrente como solução para os problemas, sejam quais forem as origens desses problemas. Por exemplo, sendo o nosso país maioritariamente católico e se a igreja se pronuncia num dado sentido, se a convicção de alguém for noutro sentido entra em conflito consigo mesma. A sua consciência diz uma coisa mas não quer entrar em conflito com Deus e a igreja (que também são parte da sua convicção) e não se consegue conciliar as duas vertentes dentro do mesmo coração e na mesma mente. Em qual das opções votará esta pessoa? Acredito que uma boa parte da abstenção é composta por pessoas completamente divididas, que não sabem se hão-de dar ouvidos a si mesmas, ou seguir os conselhos de alguém em quem têm a maior confiança.
Pessoalmente não me interessa quem tem razão, o SIM ou o NÃO. Interessam-me apenas as razões e mazelas de quem recorreu, recorre ou venha a recorrer. Ainda vivemos com medos profundos, aterrorizados pela vergonha de um acto, recriminação, olhares incriminatórios. E num momento de maior fragilidade, onde todo o apoio sabe a pouco mas vale muito, são mais os que ajudam a estigmatizar que os que ajudam a evitar que aconteça. Teria sido muito mais interessante o governo em conjunto com a Assembleia de República ter decidido esta questão, e feito um referendo com outras perguntas:
Aceita o aborto como prática comum de controlo de natalidade?
Aceita a penalização criminal de quem recorre ao aborto?
Aceita a discriminação social de quem recorre ao aborto?
Aceita o envergonhar publicamente de alguém que recorreu ao aborto?
Aceita a culpabilização de alguém que recorreu ao aborto?
Sabe quantas vezes a sua mãe recorreu ao aborto?
Sabe quantas vezes a sua agora esposa recorreu ou irá recorrer ao aborto?
Sabe quantas vezes a sua filha recorreu ou irá recorrer ao aborto?
Sabe quantas vezes a sua neta recorreu ou irá recorrer ao aborto?
Para mim, o sentido da educação e do crescimento pessoal e colectivo deve ser orientado para a auto-determinação. Cada indivíduo é responsável pela sua saúde e de quem o rodeia, é responsável pelo seu bem-estar e de quem o rodeia, é responsável pelas suas decisões e de como afectam quem o rodeia, é responsável pela sua irresponsabilidade e respectivas consequências, é responsável pela resolução dos seus sentimentos de culpa, medos que o afectam e zelar para que o mesmo aconteça a quem o rodeia. E assim, de forma egoísta, cada um olha por si olhando pelos outros. Paz é a capacidade de amar todas as possibilidades da vida, mesmo aquela que nos pareça menos correcta.

A continuar…

M.A.S.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Estado de Paz - 23


Obrigado por ti. Afinal, a tua existência sempre tem um significado para alguém. Ou pensavas que eras tão insignificante ao ponto de pensares que existires não faz diferença para ninguém? Todas as coisas têm um significado para além das aparências, do mundo da ilusão. Tudo o que conhecemos como realidade são, afinal, símbolos. Pequenos, ou grandes, simples, ou complexos, códigos que encerram uma única finalidade. O código nunca é o fim em si, o objecto em si, o sujeito em si. Um exemplo é a assinatura. A assinatura é um código, um símbolo, uma representação simbólica, uma extensão de alguém, e não a pessoa em si. A pessoa faz-se representar, anunciar a sua presença, e/ou conhecimento, e/ou consentimento, através da assinatura. E, nalguns casos, tem a mesma força, o mesmo significado da presença física, actual naquele momento, da pessoa. Poderemos dizer, então, que as pessoas são assinaturas? Ou que as assinaturas são pessoas? Não faz sentido. Na nossa mente está clara a distinção entre uma coisa e outra porque aprendemos e interiorizámos esta representação simbólica.

Mas, há mais representações. Uma fotografia. O que é uma fotografia? É uma representação de um momento do passado, um registo, uma memória, que é possível transportar e apresentar no presente. Mas a fotografia é o momento em si, ou sendo um retrato, é a pessoa em si? Não é. Mas, nalguns casos, tem a mesma força e valor da presença física da pessoa. Poderemos dizer, então, que as pessoas são fotografias? Ou que as fotografias são pessoas? Não faz sentido. Mais uma vez porque aprendemos e interiorizámos este conceito banal. E se em vez de uma fotografia fosse uma filmagem em vídeo? É muito semelhante, e poder-se-ia dizer e aplicar o mesmo ao filme. Contudo, existem representações simbólicas que ainda não foram interiorizadas, não fazem parte do nosso consciente. E se em vez de uma câmara de filmar, falarmos dos nossos olhos? O que vemos é um registo e em cada instante registado como uma memória. Essa memória é o momento em si? Já vimos que não. Mas pode ter a mesma força, o mesmo significado do momento em si. Então, tudo na vida, é uma representação simbólica, a escrita, a imagem, o próprio conceito de comunicação. Representar, ou melhor re-presentar, é voltar a fazer presente. O prefixo “re” significa outra vez, de novo. Aquilo que concebemos como presente é uma repetição simbólica do verdadeiro Presente, do Presente real. É como se existisse uma realidade que para a vermos a tivéssemos que encenar em cada instante e chamássemos a essa encenação: presente. Assim, a realidade (como a concebemos) não é real. Se não é real é simbólica, é uma ilusão. Mas nem sempre a ilusão tem o propósito de enganar. Pode apenas ser uma forma mais simpática e prática de apresentar algo. É desta forma que vejo tudo e toda a gente. Seres e acontecimentos simpáticos, ou não, mas cuja existência real está muito para além da aparência, da ilusão a que chamamos realidade. Todos estes seres e situações, acontecimentos, são extensões da verdadeira (e única) realidade que se manifesta em tudo e em todos simultaneamente. No fundo, tudo aponta para que sejamos todos Um, um por todos e todos por um. E assim a tua existência é de facto significativa na vida de cada um, e a existência de cada um é de facto significativa na tua vida. Por isso, qualquer guerra é sempre um auto-prejuízo Qualquer exclusão é uma auto-exclusão. Qualquer discriminação é um pedaço de si próprio que se tira.

Paz é a prática da Realidade manifestada no mundo da ilusão. A Realidade é o Amor. A prática constante do amor transcenderá a necessidade da ilusão.

A continuar…