sábado, 3 de novembro de 2007

Estado de Paz - 38




Obrigado por seres quem és. A voz que me fala falar-te-á. A paz que me chega chegar-te-á. Pois é esse o propósito do Amor. Ser vivido, experimentado, sentido, partilhado. Mas o Amor não é um propósito em si. Não é algo a que se aspire. É sim o princípio de todas as coisas. O princípio, meio e fim, ao ponto de nada ser. Porque para ser algo mais, na dualidade, também teria que haver o não-ser. E o não-ser não existe se não no mundo da ilusão. A ilusão é como uma ponte. As pontes servem para unir as margens distantes. Imaginemos um círculo onde lhe falta um pedaço pequeno de forma a ficar um pequeno buraco e não dar para fechar o círculo. Imaginemos que o diâmetro do círculo é de 1000km. Imaginemos que é trazida e deixada uma pessoa vendada em cada ponta não unida do círculo. São desvendadas, dão-se conta uma da outra e da distância que as separa. Daí a nada interrogar-se-ão porque vivem separadas e se não valerá a pena juntarem-se. Para isso procurarão por todos os meios e usando os recursos disponíveis unir as margens para vencer a distância e o afastamento. Esta tarefa é tão mais complicada se ambas as partes não estiverem de acordo em ir para a frente com esta solução, e se não se aplicarem da mesma forma. Mais ainda se os recursos forem escassos. Mas, como tantas vezes acontece, ao se encarar de frente um problema vira-se as costas à solução. A ilusão é como uma ponte. Concentramo-nos nos “buracos” da vida, nas separações, e que para tudo temos que lutar para atingir a glória. E que se o caminho não for difícil e com sacrifício não é o certo. Obrigado amigo Robiyn. Voltando ao nosso círculo, bastava-nos virar 180º e seguir em frente. Ao seguir-mos pelo lado “unido” do círculo facilmente chegaríamos à outra margem pelo outro lado. É tudo uma questão de perspectiva. Afinal a separação era uma ilusão. Apenas estávamos convencidos, seja porque razão for, que a separação era real. Fé é capacidade de nos movermos por caminhos menos lógicos na mente mas absolutamente correctos no coração. Não estou a falar da fé religiosa embora haja algo em comum. A fé a que me refiro não é sacrificial mas pura, indolor, inocente, embaladora. E por estarmos convencidos que alguém deixou o mundo incompleto e que era nossa missão uni-lo com pontes não nos demos a oportunidade de olharmos de outra perspectiva. Afinal tudo esteve sempre unido, a separação era uma ilusão, e a ponte uma necessidade para resolver um problema virtual. Tudo na mente é virtual. Tudo na mente é ilusão. A ilusão perfeita diga-se, mas mesmo assim ilusão. É uma ilusão tão perfeitamente tecida que chega a parecer real, tal como no cinema se não tivéssemos consciência que é ficção e projectada por tecnologia poderíamos pensar que uma determinada acção se estava mesmo a passar numa parede duma sala escura. Mas sabemos que no final do filme, alguém acenderá as luzes e nos conduzirá à saída daquele momento de ficção/ilusão felizes por termos experimentado todos aqueles sentimentos e sensações, medos e alegrias, pensamentos, expectativas etc. A diferença que deveria haver é que na vida não deveríamos ser meros espectadores. Isso criaria uma sub-ilusão. Nós somos o filme. Somos a origem e finalidade do filme. Criamos situações quotidianamente que servimos aos demais como sendo a sua realidade. Paz é a capacidade de o fazermos com amor, por amor. Não é uma obrigação. É um serviço prestado com amor. Paz é capacidade de ver/sentir o que nos une de uma forma rejubilante. Com gratidão pela existência de cada uma das partes. Comemorando a sua existência.

A continuar…

M.A.S.

1 comentário:

Anónimo disse...

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