sábado, 18 de agosto de 2007

Estado de Paz - 34




Obrigado por seres quem és. Amo-te assim mesmo. Da forma como És. Talvez não tenhas ainda reparado mas és muito, muito mais do que pensas. Talvez não acredites nisso. Talvez não acredites nisso porque não acreditas em ti. Mas eu acredito. Sei o que está para além dos enganos, para além das ilusões, para além das mentiras. E ainda assim o que sei e sinto é pouco face ao que realmente És.
Eu represento uma memória. Lembro-me de ti e venho lembrar-te de ti. De uma parte esquecida, adormecida mas latente. Venho lembrar-te da tua ligação divina. Não tem nada a ver com religião, embora as religiões possam fazer parte do processo. Não tem nada a ver com mais nada acessório, com intermediários, com porta-vozes, com representantes mas sim com a ligação directa. Existe uma ligação directa. É tão extraordinária só a ideia de isso ser possível que até assusta. Dá medo pensar nisso. Parece errado. Mas nada tem de errado e nada há a temer, a não ser que se tema amar e ser-se amado. É de amor que falo e nada mais. Deus ou seja qual for a designação que se tenha para esse estado de consciência divina nada exige. É Amor em acção. No entanto, por nada exigir e a partir de determinada altura das nossas vidas parece que não se importa mais connosco, ao ponto de se perguntar “por que me abandonaste?”. Mas quem se afastou de quem? Quem abandonou quem? Quem deixou de se importar? Quem transporta os sentimentos de culpa? Trago boas notícias que partilho contigo. Que te tragam tanta alegria como a que me trouxeram a mim quando comigo as partilharam. Chegou a hora da libertação. Da culpa. Dessa memória pesada que nos tem prendido energeticamente a um estado de alegria e felicidade condicionadas, abafadas, diminuídas da sua real grandiosidade. Venho lembrar-te de que és Amor. Nada mais interessa, nenhuma memória, nenhuma experiência que te distraia desta origem amorosa. E porque nada te foi exigido foste esquecendo deste amor, sobretudo o amor por ti, e da tua relação contigo, e de como funciona esse amor e essa relação. Deixaste de ver a unidade, para veres o individual. O amor próprio passou, assim, a vaidade ou narcisismo. Mais tarde apercebeste-te que algo de errado aconteceu e da ligação perdida. O sentimento de culpa é tão pesado que tirou a capacidade de perceber a solução, de se fazer luz sobre o assunto e abateu-se um período de “trevas” (ausência de luz). Ficaste perdido sentindo-te culpado. Criaste uma ideia de salvação, de redenção da culpa que te atormenta, Deixaste de acreditar em ti mas conhecias a ligação e não desiste dela. Desde então que a tens procurado, a re-ligação. A falta de fé em ti fez-te procurar no exterior algo que te preenchesse nesse aspecto. Mas pareceu sempre faltar algo. Por isso estou aqui, para te lembrar. A peça que falta és TU. Sempre pensaste que só amando os outros e fazendo tudo pelos outros encontravas paz interior. Mas faltava sempre algo. “Ama os outros como a ti próprio”. Uma frase tão curta que junta o passado, o presente e o futuro. “Ama os outros como a ti próprio”. É o Amor que traz qualidade existencial. Onde o individual acaba por se dissolver na Unidade. Onde a terceira pessoa se dissolve na primeira. Onde as partículas de “Eu faço…”, “Eu amo…”, etc, se fundem em “EU SOU”. E nunca mais fará sentido dizer/fazer: “Faz o que eu digo e não o que eu faço”. Chama-se integridade. Ser-se integral. Na Unidade nada mais há a perdoar, não há culpas. Seria uma auto-ofensa e auto-perdão. Pareceria uma brincadeira de crianças. Assim é o Amor.

A continuar…

M.A.S.

domingo, 5 de agosto de 2007

Estado de Paz - 33




Obrigado por seres quem és. Ainda te lembras de quem és, não lembras? Dos teus sonhos, aspirações, dos projectos que tinhas para a vida, do que querias fazer, do que querias ser. Se os realizaste então nunca te esqueceste de ti. Se desististe deles então desististe de ti. Estou aqui para reactivar essa memória, pelo menos durante a leitura deste texto. À medida que os olhos passam pelas palavras são invocadas as memórias desse tempo. Não significa isto que as mudanças de rumo são negativas, nem tão pouco que nos devamos manter fiéis aos primeiros pensamentos que temos sobre algo. Quero apenas lembrar que existe em ti uma criança sonhadora e que ela só faz parte do passado se assim entenderes. Quantas vezes não nos limitámos no sonho porque não nos queríamos desiludir? Por medo que algo corresse mal e ele não se concretizasse? Assim, mais valia irmos ao dia-a-dia, sem expectativas não há mágoas. Não passa de uma ilusão como é óbvio. O sonho é a mente a dizer-nos que somos livres. Que nos devemos soltar dos impedimentos, sobretudo do medo, e pelo menos tentar com convicção, de coração e com total entrega à realização desse sonho. E quanto mais elevado e abrangente maior felicidade trará. Não me refiro aos sonhos de bens tangíveis, de bens materiais, esses não são um fim em si mas deverão aparecer, se for caso disso, como um meio ou bónus da nossa entrega. Refiro-me às mais altas aspirações do nosso ser. Ser livre, ser feliz, ser alegre, fazer alguém feliz, levar alegria, partilhar experiências, crescer enquanto cidadão do mundo, expandir o conceito de família ao próximo. Mas o passado e a memória poderá parecer um entrave. Pois por experiências anteriores ou por algo que vimos ou ouvimos, quanto mais nos damos mais receio temos de nos dar. Ficamos vulneráveis e podem abusar da nossa boa vontade e estragar o sonho, deixando-nos magoados, desiludidos, depressivos. Desta forma chegamos a um impasse. Por um lado não conseguimos viver sem sonhar, por outro temos medo de realizar o sonho. Por outras palavras, para não vivermos presos abrimos a porta para sair, mas nesse instante alguém pode entrar. E agora? Abrimos a porta ou não? O que protege a porta? Do que deve proteger? Por que deve proteger? A porta é um símbolo de protecção, de segurança. Por que és inseguro(a)? O que te falta? É perante os nossos medos que nos revelamos verdadeiramente. Com paciência e persistência, devemos olhar-nos e reconhecer esses medos e perdoá-los. As suas origens, os seus intervenientes, as memórias que deixaram. O perdão é como a digestão. Nem tudo no alimento é para ser absorvido e mantido. Há que reter e absorver os nutrientes e libertar para outra fase o restante. Ninguém gosta de ser incomodado com cólicas, “nós no estômago” ou prisão de ventre. É sinal que algo deixou de fluir, algo está a ser retido e a interromper o fluxo. Se durar muito tempo pode causar graves distúrbios de saúde. As situações de tensão, o stress, e as memórias mal tratadas podem causar tudo isto. Mas não há nada, nada mesmo, que o amor não seja capaz de transmutar, de resolver, de transformar. A doença só se desenvolve/existe na ausência de amor. Recuperado o estado inicial de amor por ti e pelos outros, tudo volta ao sítio. Não esquecer que este é um processo individual e colectivo, e nem sempre o que parece ser é. Paz é a capacidade de se ser sempre o que se é, sempre foi e sempre será. Como se de um regresso ao destino se tratasse.

A continuar…

M.A.S.