sábado, 12 de abril de 2008

Estado de Paz - 46




Obrigado por seres quem és. É com alegria que devemos agradecer a presença de todos na nossa vida; sem essa presença toda esta experiência chamada vida seria árida e estéril. Ainda assim, noto ainda uma falta de consciência sobre a riqueza que é diversidade de opiniões, crenças, etc. Há falta do espírito do coleccionador. Qualquer coleccionador de qualquer coisa é uma pessoa dedicada a esse hobby, a essa ocupação de fazer crescer a sua colecção, organizá-la, expô-la. Quem colecciona sabe também que quanto mais raro um determinado objecto de colecção maior o seu valor, por exemplo uma moeda rara, um selo raro, um carro, uma quadro, uma escultura, um instrumento musical, seja o que for. E, é natural que perante esse objecto mais raro haja um cuidado especial, que lhe seja dedicada ainda mais atenção ou que seja manuseado de uma forma mais delicada. Normalmente é-lhe guardado um lugar de destaque em relação ao resto da colecção. Assim, os exemplares raros de uma colecção têm sempre mais valor, muitas vezes se diz perante algo verdadeiramente raro que não tem preço ou que tem valor incalculável. Este é o espírito de coleccionador que faz falta em matéria de relações pessoais nas nossas vidas. Todos coleccionamos experiências em que cada momento é único. Todos coleccionamos experiências cujos envolvidos são únicos. Tudo é único e derivado de um conjunto de circunstâncias adequado: quem, como, onde e quando. E cada conjunto destes é um “objecto” da colecção. E cada conjunto destes é ÚNICO. Como coleccionador que sou de experiências, guardo cada conjunto destes como único, raro, de valor inestimável, incalculável. Cada pessoa com que me deparo é exemplar único e devo, por isso, dedicar-lhe atenção especial. O objecto mais raro da nossa colecção é sempre o mais bem tratado, com todos os mimos, de maneira a apresentar-se sempre no seu melhor estado. Assim devíamos tratar também quem nos rodeia. Outro aspecto é que se temos um objecto raro não o vamos nunca querer modificar. Pretende-se sempre manter ou restaurar o estado original, sem perturbação da sua essência, do seu valor original, do seu potencial. Então por que não fazemos o mesmo com quem nos rodeia? Se são exemplares únicos por que queremos estar sempre a mudá-los? Por que queremos alterar-lhes o valor de acordo com a nossa opinião ou visão? Esta falta de harmonia chama-se “tunning” ou arte de “kitar” pessoas. Kitar é modificar, alterar, transformar, personalizar algo. É uma forma de recriação. E só se recria quando não se está satisfeito com o produto original, quando se pensa que é possível deixar algo mais ao nosso gosto, com um aspecto mais personalizado. Ao formato exterior deste tunning chamamos-lhe operações plásticas. Plásticas porque são artificiais, não reflectem a naturalidade dos ciclos da vida (refiro-me obviamente aos casos não clínicos). Por outro lado, como que a compensar, surgiu recentemente um outro sub-aspecto desta tendência da personalização. São os serviços, agora muito em voga, usando o prefixo “my” (meu), sobretudo em serviços online, na Internet. Dão um aspecto de exclusivo, dedicado e personalizado, tratando-nos como seres únicos aceitando os nossos diferentes gostos e/ou o nosso contributo individual como os blogs, fotos, toques telemóvel, vídeos, etc. Aqui já somos convidados a sair do estereotipado. Que coisas interessantes que a vida proporciona. Sempre que surge algo entra em cena também o seu oposto para permitir uma dupla experiência, ou quem sabe, obrigar a uma escolha permanente de caminhos a seguir. Paz é a confiança absoluta que se escolhe sempre o caminho adequado ao nosso estado de consciência.

A continuar…

M.A.S.

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