domingo, 16 de março de 2008

Estado de Paz - 45

Obrigado por seres quem és. Quando foi a última vez que passaste pelo espelho da tua consciência? Se não te conhecesse em essência diria que estás irreconhecível. Se não soubesse que isso faz parte do processo de mudança pelo qual estamos a passar não te acharia beleza nenhuma. É um pouco como ir ao cabeleireiro. Vamos com um aspecto menos cuidado, a necessitar de um arranjo. O procedimento do corte de cabelo deixa-nos num estado intermédio em que não estamos como entrámos mas também ainda não estamos “apresentáveis”. Assim é este momento. Já não estamos como entrámos nele mas também ainda não temos a “aparência” final. A que propósito vem esta conversa toda? Dizem que Deus escreve direito por linhas tortas. Dizem que aceitam a vontade de Deus. Mas afinal que caneta usa? Que papel? Que instrumentos de escrita e de materialização? Se precisamos de mudanças no sistema de saúde, todos contestam as mudanças. Se precisamos de mudanças no sistema da justiça, todos contestam as mudanças. Se precisamos de mudanças no sistema de ensino, todos contestam. Afinal Deus tem que escrever direitinho como nós Lhe dizemos senão… não aceitamos como sua a escrita que nos aparece diariamente. Mas há aqui algo que parece não bater certo. Existe uma coerência e uma incoerência. A coerência, incontestável, e unânime é de que as coisas têm que mudar porque não estamos a ser convenientemente servidos pelos serviços que deveriam existir e funcionar em nosso benefício. A incoerência é que não aceitamos a mudança que nos é apresentada. Então, onde está o ponto do equilíbrio? Como avaliar se estamos a dar um passo em frente, atrás ou ao lado? E aqui reside a dificuldade. Habituamo-nos a dar passos bidimensionais. Mas também há passos para cima. O passo para cima é quando deixamos de julgar os outros. Se o ministro ou ministra, presidente, patrão, marido ou mulher, fez algo que nos parece desequilibrado apenas temos que fazer uma pequena oração ou dirigir-lhe um pensamento (em jeito de afirmação): “Todas as tuas acções reflectem harmonia.” Bem sei que te riste do que acabei de dizer como se de um absurdo se tratasse. Mas já experimentaste fazê-lo? Já comprovaste se é eficaz? Como nos podemos rir do que provou o amor e nos dá a provar o mesmo? É por isso que estás irreconhecível. Provavelmente apenas despenteado(a). Logo que estejas perante o espelho verás onde ainda faltam aparar o cabelo. Cortarás o que está a mais e já não te faz falta para que possa crescer o novo com mais vigor e de acordo com os tempos que correm. E da mesma forma natural com que deixas para trás o cabelo cortado que caiu ao chão e que nenhuma falta te faz mas que tão bem te ficou até este momento, farás com tudo na tua vida. Há um(a) cabeleireiro(a) divino(a) (eu diria mesmo um salão completo) que te prepara para te apresentares ao mundo renovado(a). Ah, possivelmente já percebeste que também este “cabelo” cresce de dentro para fora. Quem sabe se não serás mais uma linha torta a desempenhar na perfeição o seu papel? Se tiveres dúvidas, dirige-te apenas uma pequena oração ou pensamento (vindos do coração): “Todas as minhas acções reflectem harmonia.” As tuas células agradecem e vibrarão nesta alegria. Não precisas de me vir contar o que aconteceu na tua vida depois de experimentares. O amor não precisa de provas nem de provar nada, basta-se a si próprio. E é este o serviço que procuras que os outros façam por ti e para ti mas que ainda não aprendeste a fazer pelos outros e para os outros. Paz é o silêncio da reflexão (no sentido de ponderação e no sentido da imagem que encontrámos ao espelho).

A continuar…

M.A.S.