sábado, 17 de março de 2007

Estado de Paz - 26

Obrigado pela tua presença. Pois que outra coisa faria mais sentido na nossa vida do que a presença de cada um?
Ou será que fazes parte dos que ainda procuram saber o que faz ou não sentido na sua vida?
Ou farás parte dos que ainda pensam que afinal nada faz sentido na sua vida?
Mas haverá de facto algum sentido na vida? Deverá a vida ser tão moldável ao ponto de fazer sentido para ti? Ou conseguirás viver mesmo sem um sentido mensurável? Já agora, quem determina o que é o sentido da vida? E quantos sentidos haverão na vida? E, partindo do princípio que possa haver um ou mais sentidos, dentro desse sentido ou de cada um, qual o ideal para ti? E haverá um sentido, ou sub-sentido ideal para ti, ou para cada um? Ou simplesmente o melhor é alguém determinar e definir o que é a vida e o sentido da vida e impor a sua definição aos demais, transformando-os em seguidores?
Mas, afinal, que sentido seguem aqueles que não encontram sentido na vida? Na falta de encontrar sentido, fará sentido procurar orientação? E o que isso de orientação? Orientação é seguir alguém, ser seguido, ou seguir-se?
Será que haverá algum sentido nisto? A que se resumo milénios de lutas para se chegar à liberdade individual e colectiva de povos inteiros, da busca incessante da libertação? Do que é que ainda não nos libertámos? De que ligações ou dependências nos falta ainda desprender?
Depois da almejada “desprisão”, o que farei no novo estado de liberdade? Para que me serve a liberdade? O que faço com a liberdade? Servirá a liberdade para se escolher quem se segue, como se segue, quando se segue? Ou será a liberdade a ausência da necessidade de seguir?
Servirá a liberdade para decidirmos quem decide a nossa vida por nós? Quem define as regras? Por que ainda precisamos de regras? Por causa dos outros ou por causa de nós mesmos? Por que é que lutou para por um estado de democracia em que existe a liberdade de votar em alguém que escolhemos como o criador das leis das quais depois nos queixamos que existem e por fim procuramos por todas as formas fugir, ludibriar ou ignorar? Para que queremos regras que achamos serem necessárias se depois não as acatamos? Será a liberdade a opção de escolher a não aceitação das regras que queremos que existam para a vida não ser um caos? Será tudo um faz-de-conta? Sempre fará sentido quem não encontra sentido nisto tudo, e que até possam ser eles os que mais fazem sentido?
Engraçada a palavra sentido. Sentido é algo que faz parte das nossas sensações. Estar sentido é estar magoado. E, fazer sentido, é algo que é lógico. Então, será lógico ainda estarmos sentidos com algo que faz parte das nossas sensações? O que nos estará a falhar neste processo, se é que algo está a falhar? Poderá ser a democracia um versão “demo” (demonstração) da “cratia” (poder governativo)? Isto é, uma versão em que NÃO estão presentes ou activas todas as funcionalidades, capacidades e potencialidades de uma aplicação, programa, nação?
Paz é a capacidade de brincar com as palavras, e tratar com amor a confusão/desorientação actuais. Paz é a capacidade de nos “desestruturarmos” para que a Luz que somos não encontre mais obstáculos e irradie livremente.

A continuar…

M.A.S.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Estado de Paz - 25

Obrigado pela tua companhia. Afinal não fomos feitos para estarmos sós, e assim é desde o tempo de Adão. Desde os primórdios, do tempo em que ainda não se contava o tempo nem havia história, na génese da criação de tudo o que é, que os elementos que conhecemos aparecem em conjuntos. Não surgiu apenas uma estrela, nem um só planeta, nem um só sistema solar, nem um só universo. Não surgiu apenas um homem, ou um macaco, ou um dinossauro. A diversidade dentro da existência não é feita apenas de uma unidade de cada espécie, de cada elemento, de cada ser, no entanto, cada unidade transporta em si o conceito do individual e do todo. Algures em si reside a consciência da sua natureza e da natureza de tudo, e a ligação de todos estes elementos, que por agora permanece como um mistério. Mas, à medida que mais e mais consciências vão despertando, vão sendo criadas as condições para novas descobertas e novas revelações, novos inventos, novas ideias, novas soluções. Aqueles que permanentemente procuram as respostas fora de si, e as soluções fora de si, e a responsabilidade da sua insatisfação fora de si, vão ter mais dificuldade em sair desta esfera de fuga. Felizmente, os que vão descobrindo que a solução dos medos mais profundos de cada um reside dentro de si próprios são cada vez mais. Quando se faz uma grande descoberta qual é o símbolo que se associa? Uma lâmpada, uma luz, “e fez-se luz”. Não é por acaso. Não existe maior descoberta que descobrir-se a si próprio, atingir a iluminação, ser um iluminado. E não há luz no Cosmos que tenha a função de brilhar apenas para si mesma. Na medida que mais luz vai surgindo menos lugares escuros existem para se esconderem os “papões” e os “monstros” que cada um cria derivado dos seus medos. A um passo de cada vez, mas em passos largos, nos damos conta que a realidade pode ser o que queremos que ela seja, e depende do que fazemos para que ela se concretize. Tudo isto apenas faz sentido se for feito em conjunto. Um conjunto muito maior do que possamos imaginar e que se estende muito para além da nossa capacidade de entendimento. A física quântica já caminha para a constatação deste fenómeno de unidade, de interligação, interdependência entre a unidade e o todo, só ainda não se descobriu mais coisas porque a sua existência é logo negada no início. Por exemplo, procura-se vida noutros planetas, mas para ser vida tem que ser do mesmo tipo que há na Terra. Então o que estão a procurar é vida semelhante à que há na Terra, nas condições da Terra e no conceito restrito de vida do ponto de vista científico. Mas a vida está muito para além do que a ciência determina, e as formas de vida são múltiplas e inimagináveis. Mas para nos darmos conta disto não precisamos de ser cientistas vanguardistas, pelo contrário. Precisamos de retornar ao nosso estado inocente e simples, humildes, de coração aberto e mente limpa. Se deixarmos uma lâmpada apanhar muito pó, a sua capacidade de iluminar diminui e não nos permite ver muitos pormenores, nem ver muito longe. Não precisamos de uma lâmpada nova, apenas de limpar este pó. E os pormenores que sempre lá estiveram se revelarão e o horizonte que não passava de um palmo será os confins do cosmos.
Paz é muito mais do que gostar de mudar. Paz é a própria mudança. É a renovação de si próprio quando equilibrada. É a sintonia com as leis do universo. Paz é a descoberta que afinal não estamos sós, nem precisamos de uma nova vida para começar de novo. Limpa-se o pó e devolve-se cada um a si próprio.
Paz é a capacidade de se metamorfosear no Ser que sempre sonhou ser.

A continuar…

M.A.S.