quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Estado de Paz - 42




Obrigado por seres quem és. Depois de percorreres os textos que contigo tenho partilhado, já descobriste em ti o que amar? A simplicidade não atrai ninguém, pois não? Não chama as atenções sobre si, passa despercebida. E ninguém quer isso, pois não? Todos querem ser o centro das atenções, de si próprios, dos familiares, dos vizinhos, dos colegas, dos patrões, há que dar nas vistas, destacar-se. É preciso ter carácter, personalidade forte, para poder evidenciar-se, para se ser alguém. E ter espírito rebelde para se ser respeitado e admirado. Para ajudar a compor o ramalhete procure-se roupas exclusivas, carros exclusivos, casas exclusivas, peças únicas, tudo ferramentas de afirmação, de demonstração do status quo. É sempre bom mostrar-se o que se conseguiu atingir, materializar o grau de sucesso. A única coisa que me desagrada nisto tudo e é apenas uma, é a unidade. Mede-se em TER, em unidades monetárias, ou unidades de posse. Não deixa de ser irónico observar que, até nestes casos de sucesso e em todas as etapas do percurso as pessoas exclamem para si mesmas: “Quem eu era e quem sou hoje!” ou “Não era ninguém e vejam onde cheguei!”. Que infelicidade confundir TER com SER. Que infelicidade a necessidade de se provar aos outros e fazer prova da sua supremacia ou inferioridade dos demais, seja em casa, no trabalho, no desporto, na política. Depois de tanto estudar e de tantas vezes o negar, acabo por dar razão a Darwin. Não que concorde que viemos todos dos macacos, nem tão pouco na sobrevivência dos mais fortes, mas sim na selecção natural dos mais aptos. E na medida que concordo com ele também discordo. Pois existe um pressuposto errado, fruto do estado de consciência na altura. A selecção é natural mas não baseada em competição, nem em subjugação, nem em superioridades ou exclusões, a unidade estava errada. Não se trata de mais fortes a prevalecer sobre mais fracos. Dou um exemplo. Uma semente de laranjeira. A semente é já a laranjeira em potencial. Tem que ser semeada e tratada e crescerá. Ao transformar-se em árvore, a semente não perde a identidade, apenas se transforma, muda de forma. Não tem que se evidenciar, nem lutar por um bocado de sol. Estende apenas os seus ramos e capta o que necessita para si, havendo em abundância para todas as outras árvores. Não precisa de tirar a riqueza dos outros para mostrar que tem mais. Pelo contrário, gera as suas riquezas que liberta nos seus ramos, numa oferta de amor puro. Por isso dão sumo as laranjas e por isso sabe tão bem. O sumo sabe a amor incondicional. E quantas mais riquezas libertar mais espaço terá no ano seguinte para gerar novos frutos. Porque o amor frutifica e gera novas sementes. A selecção natural não se baseia em “um acima do outro”, ou “um sobre o outro”, mas sim em “um com o outro”. O sucesso “mede-se” em unidades de amor, de felicidade, de alegria, de paz. Quem vive neste estado de graça, vive em unidade. Por isso, nada mais há a medir. Não se tem amor, é-se amor. É-se a unidade. Tudo o resto é efémero mas faz parte amorosa do contexto que nos leva ao encontro de nós mesmos. TER, não é vergonha alguma, nem deve ser factor de culpa. Segurar o que se tem, no entanto, pode ser a causa do que aprisiona a manifestação da felicidade na nossa vida. Paz é soltar, é soltar-se, libertar, libertar-se. É TER sem se ser dono de. Tudo, assim, incluindo a própria vida que se pensa que se tem, é uma imensa partilha. Somos um sorriso divino em forma de gente

A continuar…

M.A.S.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Estado de Paz - 41




Obrigado por seres quem és. Hoje vou falar sobre ti. Sobre aquilo em que acreditas. E também sobre aquilo em que não acreditas. Toda a vida, e quase toda a nossa existência enquanto seres divinos (esquecidos da sua origem) nos disseram em que acreditar e nos moldaram as nossas crenças com distracções. As distracções, sejam quais forem, figuras, estátuas, símbolos, vestes, palavras, etc, servem apenas um propósito que é desviarem a nossa atenção do interior para o exterior. E mesmo aquelas que nos orientavam para o interior eram manipuladas para nos poderem controlar até onde podíamos ir. Já darei exemplos. Assim, ao longo dos tempos, vamos perdendo a nossa inocência de criança, a nossa fantasia da vida, a nossa magia de viver, a nossa alegria genuína, e passamos a ser robots, seres adormecidos no embalo do que nos disseram ser errado acreditar (embora sendo verdadeiro para nós). E está tão bem montado este sistema que ambos os lados o alimentam, por um lado temos a questão espiritual “orientada” pelas religiões e por outro a questão material “orientada” pela ciência. Em todas as alturas, ou uma ou outra, nos dizem em que acreditar como verdade fazendo desacreditar a outra, tendo dificuldade em co-existir. E nós, em que ficamos? A qual daremos razão? E se a nossa razão for diferente das duas? O que é a verdade? Quem fala verdade? Quantas verdades existem? Qual devemos viver? Qual devemos ignorar? E se nenhuma me servir? Se nenhuma responder ao que me diz o coração? Se nenhuma me preencher e sem pedir nada de volta, me fizer sentir bem, feliz, livre? Tenho que viver limitado na minha aspiração? Tenho que me conformar com algo que só me deixa viver a 10%? Por quanto tempo serei capaz de viver amarrado, sabendo da nossa pureza mas que nos dizem sermos pecadores, sabendo da nossa origem divina mas que dizem virmos dos macacos? Não admira que nos perdamos a meio do caminho. Mas não significa que não nos encontremos um pouco mais à frente. Dou um exemplo que, embora pareça despropositado se torna interessante: o Pai Natal. Há quem diga, e mais cedo ou mais tarde o dizemos às criancinhas, que o Pai Natal não existe. Mas se eu perguntar a cada um de vocês como é o Pai Natal, me vão responder: “Barrigudo, com barbas brancas, vestido de vermelho, tem renas e faz Oh!oh!oh!”. Então, se não existe, como o podem descrever? Agora dirão que não existe de verdade, só no imaginário de cada um. Certo? Então e Deus? E a vida eterna? E a salvação? E a remoção do pecado? E um lugar no céu? Por que nos continuam a fazer crer que qualquer lugar é melhor que este onde estamos? Quer seja religião quer seja ciência? Resumindo e acreditar no que acabei de dizer e partindo do princípio que existe um Ser, uma consciência criadora e que mantém o universo a funcionar, este Ser ou é muito burro ou sendo perfeito, cometeu um erro perfeito. Fez-nos mais perfeitos do que ele. Porquê? Porque o lugar que nos deu para viver afinal não corresponde às nossas exigências, e que o céu ou outro lugar qualquer é bem melhor do que este, e quanto mais depressa sairmos daqui para melhor vamos (“ir desta para melhor!”). Algo não bate certo aqui. Há uma inconsistência, uma incoerência. Algo está distorcido. E a resposta esteve e está sempre tão perto. Mas não interessa perseguirmos o problema ou perder tempo a arranjar culpados. Interessa a solução. Mas quase sempre nos distraíram para não a vermos ou ouvirmos. Aquela vozinha no interior que nos orienta. Feliz Ano Novo! Feliz Vida Nova! Paz é encontrarmo-nos dentro de nós e irradiarmos esta feliz redescoberta, uma imensa alegria de viver.

A continuar…

M.A.S.