sábado, 23 de fevereiro de 2008

Estado de Paz - 44

Obrigado por seres quem és. Como sabes dirijo-me sempre à parte mais sublime de ti. Aquela que não se ofende. Aquela que está mais além da religião, da política, dos costumes, dos hábitos enraizados, das práticas centenárias ou milenares. Dirijo-me a uma parte de ti que teimas em esconder mas que anseias para que se liberte. E para que haja libertação tem que se revelar a verdade. Somente perante a consciência da verdade nos libertamos. Há muito que foi dada a “receita”. Mas, no fundo de nós mesmos, tememos que a verdade magoe. Tememos sermos confrontados com os nossos fantasmas, com os nossos passados, com o nosso subconsciente. Se tememos é porque temos medo de algo ou vergonha. Ou então tememos transportar algo que nos faço sentir culpados de algo do qual não nos consigamos libertar. E assim passamos a praticas religiosas de assunção de culpas para nos afundarmos ainda mais e dificultar a libertação e manifestação da grandiosidade da vida em cada um de nós. Eu sei que é mais fácil rezar pela paz no mundo que assumir e praticá-la, mesmo depois isto mesmo ser dito e redito por aqueles a quem rezam. É muito mais fácil e conveniente colocar as máscaras à saída de casa e voltar a tirá-las quando se chega ao fim do dia. Ser-se autêntico caiu em desuso. O mundo é dos que se safam e só se safa quem for competitivo. Nem imaginam a quantidade de pessoas que interiorizou esta “verdade” que nos venderam. Mas os mesmos que professam esta verdade depois queixam-se que se perdeu o respeito, a ética, a visão do conjunto em vez do cada-um-por-si. Mas como sair disto? Todas as semanas se contradizem. Todas as semanas há futebol, há política. Em que estádio uma equipa respeita a outra independentemente do resultado? Em que se respeita os árbitros independentemente das decisões? Se respeita o público independentemente de por quem torce? E na política? Que partido respeita as decisões do governo livremente votado para decidir? Votamos num partido para avançar e noutro para travar? Então como andamos para a frente? Por que quer transformar tudo em vitórias ou derrotas políticas? Onde está a visão do conjunto? Isto é cada indivíduo por si, cada equipa por si e cada partido por si próprios. E depois passa-se o resto da semana a comentar no café ou no trabalho estas situações. Assim a desarmonia toma conta da nossa vida, do nosso tempo. Por que achas que és tão insignificante que precisas de um jogador de futebol como ídolo? Por que achas que tua vida é tão insignificante para que precises de uma equipa de futebol para lhe dar sentido? Ou um partido político? Ou uma religião? Quanto estás disposto a mudar a tua vida para descobrires a sua magnificência, a tua magnificência? Temos que ser aquilo que queremos. É um sinal que fazemos ao cosmos e assim se materializar na nossa vida. Se queremos respeito temos que ser esse respeito. Começar em casa com aqueles que vemos todos os dias e com quem mais lidamos. Passar ao trabalho, ao nosso chefe, aos nossos empregados. Queremos paciência então somos pacientes. Aprendemos a respeitar uma fila no trânsito, uma diabrura de uma criança, etc. Queremos abundância então somos abundantes. Partilhamos quem somos e o que temos com os outros, mentalizando que seja de uma forma harmoniosa para todos. Desta forma, com entrega e sem nada exigir; fugimos ao controlo que metemos sobre as nossas vidas e que nos impede a realização pessoal. Fomos ensinados a controlar tudo e que se assim não for podem acontecer-nos coisas. Medo = matriz de controlo. Quando queremos controlar uma criança o que fazemos?
Paz é a capacidade de sermos já, aquilo em que gostávamos de nos tornar.

A continuar…

M.A.S.

Sem comentários: