quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Estado de Paz - 21


Obrigado pelo teu contributo para que esta época Natalícia mantenha o espírito de paz, partilha, reunião, compaixão e generosidade que a caracterizam. Que este espírito se mantenha e nos acompanhe o resto do ano. Hoje gostaria de falar dos presentes. Sim, os presentes. De todo o tipo. Daqueles com papel colorido e laçarotes, daqueles que têm 2 pernas e daqueles que ficam entre o passado e o futuro. A ausência de qualquer um destes tipos de presente empobrece a experiência da vida. Começando pelo aspecto temporal, creio que final do ano é feito um balanço pessoal e profissional de como correram os 365 dias anteriores. Os sucessos, os não sucessos, as alegrias e as tristezas, os ganhos e as perdas, mas o balanço serve sempre para ver o que ficou. Eu aqui concentrar-me-ia no que ficou, não no bolso, mas no coração, o que ficou de ti. Aproveitaste para reatar relações? Para participar na união das partes desavindas? Aproveitaste para dar mais um pouco de ti aos outros? Aproveitaste para estar um pouco mais centrado(a) em ti, e fazer algo que realmente gostas? Ou perdeste-te na azáfama do dia-a-dia sem tempo para nada senão para cumprir as tarefas rotineiras quotidianas? Pegando nisto, transporto para o outro tipo de presentes, aqueles que não estão ausentes. Como foi a tua vida neste ano? Estiveste presente e activo? Ou foste mero espectador sem vontade de mudar nada, de melhorar coisa nenhuma, e limitaste-te a comentar o que te rodeava, o trabalho, futebol, política? Onde está o teu contributo? Que herança preparaste para as gerações vindouras? Que dirão elas quando forem da tua idade? Pego também nisto e parto para o outro tipo de presentes, os que têm papel de embrulho e fazem as delícias de todos porque mexem com o imaginário e expectativas de cada um e farei um resumo do que quis dizer com tudo isto. Uma coisa que eu acho interessante nas prendas é que perante algo desconhecido e não tendo ideia do que possa ser e do que nos possa esperar ao desembrulhá-la, está enraizado no nosso subconsciente que é algo bom. Devia ser Natal todo o ano para podermos manter este espírito nos outros presentes. Se perante os eventos desconhecidos que nos acontecem no presente (dia-a-dia) mantivéssemos o coração aberto e estivermos presentes no que nos acontece e a certeza (fé) que é algo que nos quer bem, ao “desembrulhar” o presente (o nosso dia-a-dia, 24 horas) criaríamos o espaço e as condições para esse presente (dia-a-dia) ser um verdadeiro presente (prenda). Embora pareça apenas uma brincadeira de palavras, todas elas têm um sentido intencional e relacional e causal. Ou seja, complementam-se para criar uma realidade. Se queremos mudar a nossa vida, temos que estar presentes na mesma e não nos mantermos como simples espectadores e comentadores, mas sim como intervenientes, criadores num espírito de amor e união da nossa própria realidade. Como poderemos saber se é mesmo assim que funciona ou não? Aqui entra a fé (é como o ar, independente da religião). Como é que sabemos que o presente que estamos a abrir não é uma cobra venenosa? Porque criámos as condições e nos rodeamos de pessoas que amamos e que nos amam e o espírito que nos une é de amor e partilha. Esse espírito é depois espelhado pelo que recebemos. O que damos espelha o que recebemos. O que semeamos espelha o que colhemos. E como saberemos que aquelas sementes que vamos deixando germinarão? Porque temos fé que assim seja. A certeza absoluta que fizemos algo com amor e por isso é infalível.

Paz é sermos o presente integrado da vida. Estarmos presentes nela, viver intensamente o presente, e vê-la como um presente (dádiva) recebido e por nós com amor oferecido.


A continuar…

M.A.S.

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