segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Estado de Paz - 14

Obrigado pelas mudanças que trazes a este planeta. Como disse alguém: a única coisa que não muda é que tudo está em mudança. Estamos a atravessar um período particularmente rico, espectacular e belo de mudanças, bem profundas diga-se. Tão profundas são que jamais o mundo ficará como antes o conhecíamos. Aqui é que começa a confusão. Qual a referência do mundo que cada um tem? Refiro-me ao antigo. Era um mundo belo? Era um mundo triste? Era um mundo difícil? Era um mundo abundante e realizador? E se vai mudar, o que podemos encontrar de futuro? Esta resposta já foi dada centos de vezes, apenas a relembro para a reactivar: “Assim como é dentro será fora”. O mundo antigo era um mundo de incertezas, agitações, convulsões, de contributos não harmoniosos globalmente, e assim o mundo se manifestou, com furacões nunca vistos. No conjunto de catástrofes naturais a que temos assistido, chamo a atenção para uma coincidência, as mais abrangentes e que correram mundo nas televisões são as que estão ligadas à água. Foi o tsunami, e o furacão Katrina. Neles centenas de milhares de pessoas morreram e outras tantas levaram ao mundo os mais diversos testemunhos. A natureza, apesar de parecer implacável, é perfeita na sua manifestação e existência, se a quisermos aceitar como tal. A água simboliza a purificação, uma regeneração. E assim, em toda a sua força e esplendor a natureza se fez manifesta dos desejos mais profundos de um mundo colectivo onde os indivíduos que o compõem anseiam por esta libertação, limpeza e regeneração do mundo antigo. Como não o souberam fazer de uma maneira individual ou colectiva mais suave e atempada, ela manifesta-se da outra forma possível e igualmente eficaz. Não se trata de um castigo, tal como não é um castigo ficar-se molhado quando se anda à chuva. É da natureza das coisas. Mas não é da nossa natureza sofrer, passar privações, ser infeliz. No fundo, aquilo a que chamamos realidade pouco importa, o que importa é a forma como a vemos e interpretamos, para com ela interagirmos. Aquilo que ainda ontem era tão importante para mim, hoje já não tem importância nenhuma. Ou, aquilo que ontem me fizeram e que foi tão marcante, se calhar hoje até nem tem importância, mas porque um dia me ofendeu vou guardar para poder cobrar de quem me magoou. Que visão tenho do meu futuro como pessoa? Serei capaz de aceitar uma forma de ver a vida diferente? Estarei disposto(a) a mudar-me ao ponto a perdoar de coração e libertar-me de mágoas antigas? Ou continuarei, como sempre fiz, a querer mudar quem me rodeia para ir de encontro à minha maneira de ver as coisas? Trabalho eu, no presente, em função da futura reforma a que me julgo no direito no futuro, ou para que este mesmo presente seja abundante, alegre, preenchedor e feliz? A preocupação com o futuro é desocupação do presente. Não é possível, em simultâneo, uma pessoa estar ocupada a 100% com uma função e preocupada com outra. Não posso semear abundância e prosperidade em corações empedernidos e gretados porque ambos escorrerão por essas gretas e mais uma vez nada ficará. E voltaremos ao: “Porquê eu? Porquê a mim?”. Paz é a própria abertura para a mudança. É a confiança no funcionamento da natureza perfeita em mim. O que há a limpar será limpo. O que há a mudar será mudado. Se desejo a mudança verdadeiramente, entrego-me a ela e vivo sereno(a). Como se pode colher milho? Semeando-o agora. Como se pode colher paz e prosperidade? Exactamente da mesma maneira. Vivendo-os agora.

A continuar…

M.A.S.

Sem comentários: