segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Estado de Paz - 4

Obrigado por ser um Ser único e inigualável e por isso mesmo não ter que ser igual a mais ninguém nem seguir quem quer que seja porque tudo o que pretendia atingir você já é, podendo é não ter, ainda, consciência disso.
Celebra-se neste período a Páscoa, e este artigo poderia muito chamar-se “Estado de Pazcoa”. A Páscoa simboliza uma diversidade de situações características das crenças e tradições de vários povos. No entanto, há um factor comum, simboliza uma transição, uma mudança. Não uma mudança qualquer, como de uma camisa, ou de sapatos, mas de uma mudança de estado de grandiosidade, de um nível para outro mais sublime, de uma libertação, de uma regeneração, uma vida nova, renovada. A história é rica suficiente em exemplos do passado sobre este assunto, por isso irei concentrar-me apenas, neste artigo, nos exemplos do futuro. Existem, por vezes, dificuldades em situarmo-nos em termos de importância no tempo. Ou seja, pensarmos que no nosso tempo nada se está a passar digno de registo, e nada do que fazemos terá uma importância por aí além no futuro, e que o nosso papel é tão insignificante ao ponto de pensarmos que as coisas são como são e nada do que fizermos pode alterar o quer que seja. Mas como dizia o outro: a única coisa que não muda é que tudo está em mudança. O que não ficou claro é se somos nós que acompanhamos a mudança ou se somos nós que a dinamizamos. Ou será que ficou? A mudança serve precisamente para não deixar as coisas na mesma. Por outro lado podemos perguntar a nós próprios: “Não somos já livres? De que mais nos devemos libertar? Que mais nos prende?”. Cristo dizia que a verdade liberta. E eu pergunto: Qual verdade? A minha? A do governo? A da União Europeia? A da Igreja? Penso que Cristo se referia à verdade enquanto estado de consciência, a capacidade de aceitação, sem julgamento. E a aceitação não tem que ser subjugação. Devemos aceitarmo-nos aceitando os outros como são. Mas, muitas vezes, as pessoas aceitam ser apenas versões medíocres de si próprias, sendo necessário voltar a encontrar um referencial que as devolva a si próprias mostrando-lhes o seu potencial, ajudando-as a mudarem-se, através do exemplo, sendo a mensagem e não o mensageiro. Páscoa, no verdadeiro e único sentido, é todos os dias que formos capazes de aceitar essa mudança. Também é preciso respeitar todos os que quiseram manter-se escravos, literalmente e/ou simbolicamente falando, por medo de que a libertação poderia não ocorrer e com isso ficarem ainda pior do que estavam. Esses não são fracos, nem cobardes, são o exemplo. A todos esses agradeço a mensagem que deixaram, de que é do medo a primeira libertação a ser feita. Mas quantos a conseguiram fazer? Ainda hoje? Quem se libertou do medo do que virá amanhã? Da falta de emprego? Da falta de perspectivas? Das diversas dificuldades que atravessamos actualmente? Da falta de visão de como sair deste ciclo? Amigos, ainda vivemos na escravatura. Vivemos na escravatura da dúvida. A dúvida é quando deixamos de viver porque pensamos que não sabemos. Viver é quando não sabemos sequer que pensamos. Isso só se consegue com entrega à vida. Agora apenas existe capitalismo existencial. Algo em troca de algo. Não acredita? Quer um exemplo? Se eu lhe propuser mudar algo na sua vida, você não pergunta logo: “E o que ganho eu com isso?” Chegou a hora da Pazcoa. A libertação das amarras da dúvida, da desconfiança e apreensão, pela via da Paz. Paz consigo próprio(a). É chegada a hora da libertação do Cristo da cruz. O sofrimento, a dor e o sacrifício, e a tristeza associada não fazem parte da nossa natureza nem têm que nos acompanhar para sempre. Tenho a tal proposta para lhe fazer, a que muda vidas, uma nova versão da verdade, uma outra verdade: e se afinal Cristo não tivesse sido crucificado? Seria, você, capaz de viver a partir de hoje esta situação como sendo verdade? Quem seria para si a entidade que aceitaria como veículo desta verdade? Se for eu a dizer você acredita? Seria a Igreja capaz de, provada a sua veracidade, aceitar reescrever toda a sua história e propor uma nova vivência de fé a todos os católicos e não só? Uma coisa é a verdade, outra é o que estamos dispostos a aceitar como tal. No meio subsiste a dúvida. Mas só se você quiser e só enquanto você quiser. Escolha libertar-se. Escolha libertar-se agora. Não duvide, seja você próprio(a).

A continuar…

M.A.S.

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